Júlio Furtado, colunista do DIA - Divulgação
Júlio Furtado, colunista do DIADivulgação
Por Júlio Furtado*
Nesses tempos de isolamento social, o Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro publicou a Deliberação 376, que tem como objetivo, orientar as escolas com relação ao desenvolvimento das atividades escolares não presenciais, em caráter excepcional no período de isolamento social imposto pela Covid-19. As atividades serão realizadas em casa, comandadas e monitoradas pelos professores, também de suas casas e mediadas pela equipe gestora da escola, igualmente em seus lares.

Precisamos conversar sobre essa escola que funciona em casa. Ela é nova para todos. Em primeiro lugar é nova para a equipe gestora da escola. Diretores, coordenadores e professores vão precisar reinventar sua dinâmica relacional. Os professores, em especial, vão precisar reinventar suas estratégias, já que os alunos não estão tão acessíveis e submetidos a suas falas e comandos. A gestão do processo das aulas não presenciais ganha um novo elemento essencial para seu funcionamento: os pais e responsáveis.

O papel dos pais e responsáveis sempre foi o de criar condições para que os alunos realizem suas tarefas de casa, além, é claro, de participar ativamente das atividades integrativas propostas pela escola. Garantir um local limpo e iluminado, estabelecer um horário e uma rotina e cobrar a realização das tarefas sempre foi o papel dos pais com relação ao processo de aprendizagem. Numa escola que funciona em casa, esse papel sofre uma intensificação em proporção inversa à faixa etária. Quanto menor a criança, mais intenso deve ser o papel dos pais, organizando, acompanhando e, se preciso, assessorando às crianças na realização das tarefas. Essa intensidade deve ir diminuindo com o aumento da idade, de forma que aos oito anos, a criança já consiga se organizar para a realização das tarefas, tendo nos pais apenas uma fonte de supervisão e consultas em possíveis dúvidas.

Aconselha-se que as atividades sejam realizadas no mesmo horário em que o aluno estaria na escola para manter a rotina a que já estão acostumados. Dois tipos de atividades serão desenvolvidas: as atividades síncronas e assíncronas. Atividades síncronas são aquelas realizadas ao vivo, com dia e hora marcados em que o professor fica de plantão num chat ou através de vídeo. Pode ser um momento de orientações e explicações ou simplesmente um momento para esclarecimento de dúvidas. Essas atividades são fundamentais, pois viabilizam o contato direto com o professor e com os outros colegas de turma. Atividades assíncronas são aquelas que tem um prazo para serem realizadas. Recomendamos que sejam realizadas dentro do horário diário de estudos da criança.

É importante que os pais entendam que o processo é novo para todo mundo, em especial para a escola e compreendam os momentos em que a escola não tiver uma resposta pronta. Pelo bem da aprendizagem de nossas crianças, precisaremos ter uma postura de compreensão e colaboração. Esses são os dois principais combustíveis de uma escola que funciona em casa.
*Júlio Furtado é professor e escritor