André Esteves - Divulgação
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Por André Esteves*
Em tempos de crise podem surgir oportunidades. A pandemia que tomou conta do mundo, e o fez virar de cabeça para baixo, revela uma face obscura e ao mesmo tempo curiosa de como as pessoas, os líderes, as autoridades e as organizações lidam com as adversidades. Claro que está acontecendo algo improvável e inesperado de forma muito rápida, que exige uma resposta ágil e à altura dos acontecimentos, à medida que aproxima-se de cada um de nós, de familiares e entes queridos, independente da nacionalidade, credo, raça e outras preferências de alguns que insistem em tentar nos diferenciar. Mas, na verdade, somos todos iguais.

Resiliência é o comportamento mais adequado para o contexto atual. Palavra emprestada da Física pela Administração, significa a capacidade de se adaptar às situações de extrema contrariedade, sem o tempo necessário para absorver seu impacto, exigindo imediata resposta para diminuir o dano e/ou reverter o seu resultado. Os principais aspectos relacionados à resiliência são: a proatividade para entender o problema e eliminar pontos fracos; a mobilização que gera discussão sobre o tema e amplia seu entendimento; e o compartilhamento das boas práticas experimentadas.

A resiliência é uma competência muito valorizada pelos líderes e pelas organizações em tempos como o que estamos vivendo. Ela amplia o equilíbrio diante das adversidades; motiva atitudes proativas; maximiza indicadores de desempenho; encoraja a redução de risco e, principalmente, amplia a capacidade de quebrar paradigmas e de pensar fora de um quadrado imaginário que limita a criatividade e a inovação.

Vivemos dias de incertezas e indefinições. Muitas dúvidas e poucas certezas. Isolamento social e confinamento. Situações nunca vividas por nós antes. Falta liderança em tempos de crise. O papel da liderança neste contexto exige características pessoais, habilidades e competências diferenciadas. Muitas rotinas alteradas sem contingenciamento prévio. Uma adaptação rápida se faz necessária sem perda de produtividade e de tempo, com aumento da capacidade de pensar em alternativas viáveis para a manutenção das atividades, preservando nosso bem maior: a vida. Tempo de distanciamento pessoal, mas de aproximação virtual qualificada. De encontrar uma nova forma de administração do tempo e de prioridades, sem enganos.

Assim como os médicos, enfermeiros e profissionais da saúde são incansáveis e arriscam suas vidas e de suas famílias no front de uma guerra em que o inimigo é desconhecido e cruel; assim como milhares de profissionais dos serviços essenciais e seus entes queridos enfrentam uma rotina de incertezas para que não nos falte o abastecimento e as condições mínimas de subsistência, também nós temos um papel fundamental na manutenção da empatia necessária para superarmos este tempo difícil , deixando de lado o que nos afasta para priorizar o que nos aproxima, colocando os interesses coletivos acima dos individuais.
A solidariedade é o principal remédio para esta doença que se espalha por todos os lados. Ela é mais rápida, eficiente e eficaz que qualquer outro medicamento no qual a ciência esteja trabalhando com afinco e urgência. No meio desta guerra ideológica fique do lado de quem realmente precisa.

Certamente, depois que tudo isso passar, as organizações não serão mais as mesmas. A forma do trabalho pode ser modificada. Os líderes poderão saber com quem podem verdadeiramente contar. Mas, até lá, faça a sua parte. A sociedade agradece.
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*André Esteves é professor universitário e Secretário Executivo do Instituto OndAzul