Não sabemos como serão realizadas as campanhas nesta época de pandemia. As dificuldades para alcançar e sensibilizar as pessoas para tão valoroso ato de afeto serão imensas. Mas as campanhas estarão vivas, cumprindo a missão de se comunicar e mostrar o quão importante é atentar para esse grupo da sociedade.
Eu e meu marido Glenn Greenwald adotamos os nossos dois filhos depois de muitas conversas sobre vida e amor, portanto, não foi uma decisão da noite para o dia. Nossa família cresceu em novembro de 2017, quando obtivemos a guarda e levamos as crianças para a casa. Optamos por adoção tardia porque descobrimos que havia um grande número de crianças mais velhas aguardando por uma família. E registramos no cadastro que haveria a possibilidade de adotarmos também o irmão ou irmã da criança. É importante – e muito – pensarmos nos irmãos, que, unidos desde a tenra idade, sonham em ser adotados juntos.
Em março do ano passado, nos tornamos oficialmente pais, e acabamos de comemorar um ano de efetiva adoção após cumprimento de diversas exigências e de período de observação das autoridades da Justiça.
É relevante informar que, nos registros de adoção, cerca de 70% das crianças e adolescentes que aguardam uma família são maiores de 5 anos, enquanto a maioria das pessoas adotantes só aceita crianças até 5 anos. Um grande descompasso. Um forte desafio para a sociedade brasileira enfrentar.
Em dias de pandemia, o silêncio do isolamento em casa nos leva a muitos pensamentos sobre o mundo e a humanidade. Inclua a adoção nas suas reflexões e lembre que há milhares de crianças e adolescentes brasileiros no Cadastro Nacional da Adoção esperando por oportunidade de se integrar a uma família.
*David Miranda é deputado federal (PSOL-RJ)