Gledson Vinícius - Divulgação
Gledson ViníciusDivulgação
Por Gledson Vinícius*
Quando as máquinas param, as lojas fecham, a quarentena se impõe. Nessas horas é o artista, o escritor, o palhaço, o poeta, o músico que sustentam a vida, distribuem sanidade, mantêm coeso o tecido social. Virtualmente nas centenas de lives por hora, digitalmente por suas produções ou mesmo confinados. Amplificam seus instrumentos e cantam da varanda para os vizinhos como Mumuzinho fez. Outros recitam poemas com a diva Elisa Lucinda, no Instagram. Aulas abertas, performances, shows gratuitos, filmes liberados, livros e séries fazem parte do repertório que está sendo disponibilizado nas redes para manutenção da sanidade geral da nação. A cultura dando, como sempre, sua contribuição e sendo o alento que precisamos nessa hora extrema.

Por falar em alento, palavra importante diante da Covid e da balburdia no governo federal, é bom saber que todo o setor cultural Fluminense volta a ter esperança no fomento de suas ações e iniciativas após a publicação do edital “Cultura Presente nas Redes” que pretende contemplar 1,5 mil ações em todo Estado com premiação de R$ 2.500,00. As ações devem se enquadrar em um dos quatro eixos apresentados pelo documento: manifestações artísticas, criação de conteúdos digitais, oficinas culturais à distância e conteúdos audiovisuais. Esse edital só foi possível graças a regulamentação do Fundo Estadual de Cultura, no mês de março. Para esse ano o fundo deve investir quase 25 milhões de reais na Cultura do Estado Do Rio de Janeiro.

Vale lembrar que já se passaram quase vinte e dois anos desde a criação do Fundo Estadual de Cultura do Rio de Janeiro sem que esse mecanismo tenha efetivado políticas públicas de fomento à cultura como deveria. Foi necessário um vírus para que a via crúcis da lei nº 2.927, de autoria de Carlos Minc e sancionada por Marcello Alencar em 30 de abril de 1998, tivesse o desfecho esperado.

Parece que só uma pandemia arrasadora como a que vivemos tem força suficiente para mover a vontade política na direção certa. É como dizia minha avó: antes tarde do que mais tarde ainda. Que os responsáveis pelo fundo continuem, que não percam mais tempo, que tenham em mente os artistas de rua, os jongueiros, as quadrilhas juninas, os livreiros, os humoristas, os editores, os brincantes e todos aqueles realizadores que em horas extremas como essa, nos mantem equilibrados, nos mantem pulsando, nos fortalecem para que continuemos em casa.
*Gledson Vinícius é poeta e empreendedor cultural