Opina 29 abril - Arte Paulo Márcio
Opina 29 abrilArte Paulo Márcio
Por Marcos Espínola*
Depois de pouco mais de um mês de pandemia do novo coranavírus e a quarentena aqui no Brasil é possível um balanço parcial de alguns pontos, dentre eles o fator humano diante do desconhecido e da ameaça assustadora de um inimigo invisível que tem tirado muitas vidas. E nesse aspecto uma categoria merece todo o reconhecimento da sociedade em escala mundial: os profissionais da saúde. Particularmente aqui no país esses guerreiros que num ato de vocação e entrega seguem na linha de frente do atendimento de pacientes, arriscando-se a cada dia para salvar vidas, merecem destaque porque enfrentam não só o vírus, mas todas as dificuldades inerentes a um sistema que sofre há décadas com a falta de infraestrutura.

Embora ainda não se tenha dados precisos, é possível perceber o aumento do número de profissionais da saúde afastados em todo o Brasil por estarem contaminados. Médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros têm não só contraído a doença, mas também aumentado o número de vítimas fatais do vírus. Literalmente deram a vida para salvar outras.

Ainda assim, é imensurável a capacidade de superação de cada um deles que continua atuando, muitos há mais de um mês sem retornarem para casa, distantes da família e suportando uma rotina pesada e sem precedentes, na qual o alto índice de óbitos é equiparável aos campos de guerra. Uma rotina que tem abalado emocional e psicologicamente mesmo quem se preparou para esse ofício.

Num cenário jamais visto, com um clima de tensão constante para todos os segmentos da sociedade e, acima de tudo, para cada cidadão de forma individual é importante percebermos a importância desse público. Profissionais, mas também seres humanos cuja missão é cuidar do próximo. Faltam leitos, faltam equipamentos de proteção individual, falta ambulância, faltam insumos para os pacientes e, mesmo assim, lá estão eles, sol a sol, acolhendo, cuidando e curando. Simplesmente admirável.

Fica aqui o desejo de toda a sorte do mundo para eles e que nossas autoridades aproveitem o ensejo para pensarem num enquadramento melhor para todas as categorias de profissionais da área da saúde, criando carreiras de estado como acontecem no judiciário, valorizando-os cada vez mais e com melhor salários, condições e garantias para o desenvolvimento de sua notável missão.

Os mais novos provavelmente não lembram de uma banda de rock com o nome de “Heróis da Resistência” que fez muito sucesso nos anos 80 e 90. Um título que hoje faz total sentido para definirmos toda essa galera de branco que se arrisca por todos nós.

*Marcos Espínola é advogado e especialista em Segurança Pública