Renan Ferreirinha (PSB) - Divulgação
Renan Ferreirinha (PSB)Divulgação
Por Renan Ferreirinha*
Estamos vivenciando experiências desafiadoras em todos os seguimentos com a pandemia da Covid-19. Sem deixar de reconhecer os efeitos nefastos que a crise está causando na economia e os desafios na área da saúde, chamo a atenção para os problemas na educação que já estamos vivenciando e que, provavelmente, se intensificarão ainda mais. A falta de equidade na oferta da educação oferecida aos nossos estudantes já é algo preocupante. O fosso que separa os que têm oportunidades daqueles que não têm a mesma sorte pode se tornar abissal se não nos atentarmos para soluções rápidas e eficazes que atenuem as perdas no aprendizado de nossos alunos.

Os problemas encontrados para oferecer o ensino remoto não é uma particularidade do Brasil. Alguns países têm mais dificuldades do que outros, mas todos estão enfrentando desafios. Não é hora de ficar supervalorizando a discussão se são 800 horas e 200 dias letivos que vão validar o ano letivo ou como se dará a avaliação dos estudantes. Precisamos discutir de que forma o aluno terá menos prejuízo em seu aprendizado. Precisamos ser disruptivos, ágeis e focar num objetivo central: a aprendizagem ininterrupta de nossas crianças e jovens.

Na educação não existe bala de prata e neste momento tão atípico que estamos vivendo não há uma solução perfeita. Dito isso, não podemos cruzar os braços e ficar esperando algo acontecer. É hora de lançarmos mão do que temos em nossa volta. O fato é que estamos em isolamento social e não podemos oferecer aulas presenciais. Plataformas digitais têm se mostrado alternativas temporárias válidas. Contudo, é fato também que nem todos têm internet para usar estas plataformas. Sendo assim, por que não lançamos mão de outras ferramentas como rádio e televisão para atingir aqueles mais excluídos digitalmente? Na China, 12 canais de TV colocaram horários à disposição um em cada série da educação básica. Se ainda assim não for possível chegar em todos, devemos usar material impresso entregue por correio. Devemos utilizar todas as ferramentas que dispomos e oferecer o máximo de conteúdo possível aos nossos estudantes. No pós-pandemia, aulas de reforço e acompanhamento individual serão indispensáveis para corrigir desnivelamentos e lacunas de conhecimento.

Precisamos focar em soluções e difundir boas práticas. Tenho visto professores de escolas públicas e privadas aprendendo a usar novas ferramentas e criando grupos de WhatsApp com os alunos para enviar material escrito ou aulas gravadas. Esses docentes sabem da gravidade do momento que estamos passando, estão superando suas dificuldades e fazem de tudo para amenizar a perda no aprendizado dos seus alunos. Vamos apoiar essas iniciativas e não deixar essas experiências soltas. O papel do professor é e continuará sendo insubstituível, mesmo em tempos de pandemia. Esses profissionais merecem todo nosso carinho e respeito.

Por fim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já prevê as competências digitais. Com a necessidade que estamos vivenciando, fomos obrigados a acelerar o processo. Também vejo nesta crise a oportunidade para o desenvolvimento do protagonismo do aluno, puxando para si o desafio de aprender a aprender. Evidente que nenhuma ferramenta tecnológica tem o poder de substituir o professor em sala de aula, acima de tudo na educação básica, mas não podemos perder a oportunidade de mostrar para os nossos jovens duas competências muito caras no século 21: adaptabilidade e resiliência. Que possamos fazer desse período de isolamento uma experiência contínua de aprendizado.
*Renan Ferreirinha é deputado estadual (PSB)