Vinicius Farah, deputado federal (MDB-RJ) - Divulgação
Vinicius Farah, deputado federal (MDB-RJ)Divulgação
Por Vinícius Farah*
A burocracia tem a capacidade de atrapalhar as melhores intenções. É o que está acontecendo com duas excelentes iniciativas para ajudar pessoas e empresas a sobreviverem à crise provocada pelo novo coronavírus: a ajuda emergencial de R$ 600 à população mais carente e o crédito disponibilizado pelo governo para ajudar pequenos e médios empresários a manter empregos durante a pandemia.

As aglomerações que se veem, em todo o Brasil, nas agências da Caixa Econômica Federal, e os problemas relatados por milhares de pessoas com o aplicativo mostram que o formato precisa ser revisto. Por que centralizar todos os pagamentos nas agências da Caixa quando existe uma infinidade de agências, de vários bancos, em todo o país, onde os saques poderiam perfeitamente ser feitos via ordem de pagamento?

Problema inverso aconteceu com os primeiros R$ 20 bilhões do programa criado para ajudar pequenos e médios empresários a manter seus funcionários na crise. Para incentivar os bancos a aderir, o Banco Central entrou garantindo 85% dos empréstimos, dando carência de três meses e taxa de apenas 3,75% ao ano. Passadas três semanas, entretanto, apenas R$ 7 bilhões (ou 35% do total disponibilizado) foram contratados.

Os bancos tentam entender a razão do baixo interesse. Consideram se os empresários, diante de um futuro incerto, preferem nesse momento não contrair mais dívidas, mesmo com uma taxa tão baixa. Ou talvez eles não queiram se comprometer a não fazer demissões por dois meses, conforme estabelece a regra do programa, diante de tantas incertezas.

Eu tenho outras pistas: 1. o fato de as regras impedirem que o dinheiro seja usado para outras despesas, como aluguel e insumos (e não apenas pessoal) e 2. de o crédito não chegar a quem tem débito anterior com INSS, como estabelece lei para concessão de qualquer crédito com dinheiro público.

Se, em meio a uma pandemia, não formos capazes de compreender as necessidades das pessoas e das empresas e flexibilizar regras, diminuindo também exigências e burocracia, teremos muita dificuldade de superar essa crise de forma rápida. Boa parte do sucesso que tive quando governei a cidade de Três Rios, quando fui eleito pelo Sebrae duas vezes prefeito empreendedor do Brasil, se deu devido à redução do arcabouço burocrático. A burocracia, quando excessiva, faz muito mal à sociedade. A única coisa capaz de nos salvar dela é a sua ineficiência.
*Vinicius Farah é deputado federal (MDB-RJ)