Maria Moraes Robinson - Divulgação
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Por Maria Moraes Robinson*
No final do ano passado, quase ninguém poderia prever o impacto que a disseminação da Covid-19 teria em nossas vidas pessoais e profissionais. Essa mudança abrupta nos hábitos e nas rotinas diárias impactou todas as pessoas e todos os negócios ao redor do mundo.

A maior mudança, para muitas pessoas que não trabalham em serviços essenciais e na linha de frente, é a de passar a trabalhar home office. Além de ser um desafio para os profissionais, é também um imenso desafio para as organizações que rapidamente precisam se adaptar ao uso de plataformas digitais para colaboração online, desenvolver a capacidade de responder de maneira ágil e rápida a mudanças inesperadas em seu ambiente de negócios e à transformação de suas culturas.

Todos os setores estão sendo impactados com a mudança para modelos de negócio online, virtuais e digitais. A assistência médica está incorporando a telemedicina, a logística está desenvolvendo cadeias de suprimentos melhor ajustadas ao contexto virtual, o varejo está repensando suas experiências físicas e on-line, os serviços de entretenimento de streaming agora estão competindo com Hollywood, os governos estão procurando desenvolver programas de suporte econômico com serviços em nuvem, segurança de dados e inovação e as empresas de telecomunicações estão oferecendo suporte ao trabalho remoto e doméstico.

Embora toda empresa que tenha principalmente negócios físicos, como restaurantes, esportes, cinemas, música e teatro, viagens, hotéis, tenha sido impactada ao ponto de agora estar lutando para sobreviver, o setor de tecnologia vem experimentando uma concentração ainda maior de investimento e crescimento, com muitas organizações anteriormente relutantes em implementar soluções digitais agora sendo forçadas a fazer a mudança.

Pensando no Brasil dentro desse novo contexto, podemos dizer que o país está em uma posição interessante em termos de capacidade de responder a essa crise. Apesar de seus enormes desafios, o país tem um enorme potencial para inovar tecnologicamente, sendo uma cultura focada em relacionamentos pessoais. Um exemplo disso é o percentual de 56% de todos os brasileiros usando ativamente o WhatsApp para comunicação e informação. Devido a esse uso intenso, vimos muitas pequenas empresas adaptarem rapidamente suas práticas de marketing e usando agora o WhatsApp para conversar e negociar com seus clientes.

O Brasil também é um país jovem, com muitos designers talentosos desenvolvendo aplicativos e plataformas de classe mundial. Para sermos efetivos, precisamos aliar esse entusiasmo e potencial a um questionamento profundo sobre o papel e o impacto da tecnologia em nossas vidas e em como estamos evoluindo coletivamente. Como a tecnologia pode realmente nos servir e nos ajudar a resolver nossas perguntas mais complexas?

Mesmo antes do início da crise, nossas duas consultorias, Holonomics e 1STi, se reuniram para discutir a questão do que significa ser humano em um mundo crescentemente tecnológico, uma questão que agora é mais pertinente do que nunca. Nosso propósito era o de descobrir novas maneiras de trabalhar de forma colaborativa para resolver nossos problemas mais prementes e complexos e a encontrar maneiras de usar a tecnologia de forma próspera para todos e decidimos, então, criar o Deep Tech Network. Precisamos pensar em novas tecnologias, não apenas em seu avanço, mas principalmente em suas dimensões humana e ecológica.

Mais do que nunca, precisamos aproveitar essa pausa para desenharmos um novo começo, muito mais inclusivo, colaborativo, próspero e saudável para todos.
*Maria Moraes Robinson é CEO Brasil da Holonomics