Zaca sugere suspensão até que reforma seja regulamentada - Divulgação
Zaca sugere suspensão até que reforma seja regulamentadaDivulgação
Por Renato Zaca*
Todos os profissionais que precisam sair de suas casas para garantir os serviços essenciais à população em quarentena devem ter o mínimo de condições para realizar suas funções com dignidade. Estamos vivendo um momento ímpar, de muitas incertezas, mas uma das poucas certezas que temos é a de que cada um deve fazer a sua parte para se proteger e proteger os que estão à sua volta contra um inimigo comum. Não bastasse a violência que persiste em meio à pandemia, nossos policiais estão nas ruas enfrentando um novo medo: o de contrair o coronavírus por falta de itens básicos de higiene e proteção, colocando em risco sua vida, a vida de suas famílias e de centenas de cidadãos fluminenses.

Até o início de maio, pelos menos oito policiais, entre civis e militares, morreram vítimas do coronavírus, 252 agentes tiveram a doença e mais de 2100 já tinham sido afastados temporariamente do trabalho por apresentarem os sintomas. Desde março, o Governo do Estado tem sido avisado sobre os perigos que a tropa estava correndo e a necessidade urgente de fornecer os equipamentos básicos de proteção individual para os agentes. Mas o que se vê nas ruas são viaturas sem álcool gel, policiais circulando sem máscaras e luvas, isso sem contar a falta de higienização adequada das viaturas, dos coletes e das armas nas trocas de turno. Um descaso que compromete não somente a segurança desses agentes, mas a segurança de toda a população.

Ciente da urgência para atenuar o potencial de contágio do coronavírus na categoria, apresentei uma indicação legislativa para que o governador Wilson Witzel tornasse obrigatória a disponibilização de kits com álcool em gel, máscara e luvas nas viaturas dos órgãos de Segurança Pública do Estado do Rio. Mas, até agora, os agentes continuam abandonados à própria sorte, sem garantias, contando com a ajuda de amigos, familiares e algumas empresas que, solidários ao risco que estão correndo, doam itens de proteção básicos. Diante do medo de contrair a doença, muito chegam a comprar com o próprio dinheiro o que deveria ser fornecido pelo Estado.

Para piorar esse cenário de desrespeito, o Hospital Central da Polícia Militar do Rio de Janeiro, único com capacidade no Estado para receber os agentes infectados, enfrenta dificuldades para garantir o tratamento adequado, considerando a falta de pessoal, equipamentos e insumos demandados por uma doença com alto poder de contágio. Diante dos novos casos, alguns esforços estão sendo realizados nesse sentido, porém sabemos que seria muito mais efetivo que medidas de proteção básicas fossem tomadas na ponta para evitar a propagação sem controle.

A tragédia anunciada está apenas começando, mas nunca é tarde para reverter o caos. Como policial militar reformado, é meu dever clamar pela consciência e o respeito. Não é justo negar segurança a quem a promove. Não é justo negar o direito de prevenção a esses profissionais e suas famílias por pura omissão do Estado. É o mesmo que colocá-los numa operação perigosa sem colete e munição.

*Renato Zaca é deputado estadual (sem partido) e presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Agentes de Segurança Pública