Novos dados publicados no início desta semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que um a cada nove contaminados pela Covid-19 no mundo foi infectado no Brasil em 24 horas. No total, no período avaliado, o país registrou 10,6 mil novos casos. No mundo, foram 88,8 mil.Ultrapassamos a marca de 160 mil casos, com mais de 10 mil mortes. A contaminação avança nas áreas carentes e também para o interior do estado.
Diante de um sistema de saúde que já agonizava, a situação sem isolamento social poderia ser ainda pior. Foi perceptível o relaxamento das pessoas após esses dois meses, o que coincidiu como avanço dos casos. O Lockdown, que começou em Niterói e que conta com o apoio do governador, inclusive para qualquer cidade do estado que vier a adotá-lo, chegou tardio, pois não foram poucos aqueles que desrespeitaram a quarentena.
Para alguns especialistas, o isolamento ameniza o colapso do sistema de saúde. Para outros, esse colapso é inevitável e aconteceria de qualquer forma, como já ocorreu. Uma decisão realmente difícil para os governantes, pois considerando o perfil do país, no qual o número de comunidades carentes nas cidades é enorme, o lockdown pode significar outro problema, que é a violência de pessoas desesperadas, famintas e que não tem renda para ficar semanas ou meses em casa.
Assim, como fazer lockdown em uma cidade, como o Rio, aonde as leis são diferentes para cada área, ou seja, como parar o comércio na Rocinha, por exemplo? De que forma mandar as pessoas para casa na Cidade de Deus?
Quem estaria de frente nesse processo mais uma vez seria a polícia e os riscos de uma retaliação, desencadeando um conflito são altos. Enfim, caso o Lockdown se concretize, ele deve ser acompanhando de outras medidas que possam garantir, minimamente, as condições de sobrevivência de boa parcela de uma população com pouca ou sem qualquer alternativa.
*Marcos Espínola é Advogado e Especialista em Segurança Pública