A iniciativa tem como maior preocupação evitar os conflitos que em muitos casos acabam em derramamento de sangue. Neste momento, cujo inimigo é invisível, ou seja, o coronavírus, a ideia é promover o diálogo entre as corporações e os líderes comunitários, evitando o que aconteceu recentemente com vítimas após troca de tiros. Em tempos de alto índice de mortes diárias, isso é tudo o que não precisamos.
Não é de hoje que se tenta essa estratégia junto à comunidade. A essência das extintas UPPs era essa proximidade no intuito de integrar moradores e polícia. E o momento é propício para isso, unindo forças contra um problema comum a todos, além de considerarmos o contexto delicado no qual muitos voluntários prestam serviços humanitários nas comunidades, atuando na doação de cestas básicas, produtos de higiene pessoal, entre outros.
Em verdade, o futuro é incerto e a situação só se agrava na medida em que boa parcela da população precisa ir à rua para trabalhar ou, até mesmo os mais necessitados, buscar ajuda e doações. Sabemos que a crise na saúde impacta na mesma proporção a economia.
Nas favelas do Rio não é diferente. Pelo contrário. Há um comércio intenso de pequenos empreendedores que fazem a economia local girar. Aliás, o Rio concentra 17% dos moradores de favelas do Brasil, com 2 milhões de pessoas que movimentam R$ 12,3 bilhões por ano, o que equivale a 19% da renda de todos os moradores de favelas do país. Os dados são do Instituto Data Favela e comprovam o alto potencial desse universo que, diante do confinamento é altamente impactado.
Qualquer iniciativa na direção de minimizar os efeitos desse cenário caótico é de extrema importância para que a vida seja posta em primeiro lugar.
*Marcos Espínola é advogado e especialista em Segurança Pública