A crueldade de uma guerra se mede pelas covas rasas em que se enterram seus mortos. E o coronavírus é uma guerra que está causando mais de mil mortes diárias, muitas das quais poderiam ser evitadas se tivéssemos um governo que respeitasse a via do povo.
A cada pesquisa é maior o número de brasileiros que desaprova Bolsonaro e quer seu impeachment. Sua incompetência e descompromisso com a vida do povo ficou clara naquela reunião ministerial que mais parecia encontro em botequim. Nenhuma empresa daria certo com tal direção, muito menos um país grande e complexo como o Brasil.
Por isso, sete partidos de esquerda e mais 400 movimentos sociais e entidades da sociedade civil apresentaram o pedido coletivo de impeachment de Bolsonaro. É o primeiro passo para o país se livrar de um presidente que está deixando a pandemia matar o povo.
É dever de todos nós darmos igualmente um basta a prefeitos e governadores que também desprezam a vida do povo. É esse o caso do estado do Rio de Janeiro e de sua capital.
A população da cidade do Rio de Janeiro sofre ao mesmo tempo do desgoverno federal, estadual e municipal. A situação aqui é de caos sanitário e de crise social, econômica e política. Não temos liberação federal de recursos emergenciais suficientes para enfrentar a pandemia; sofremos com operações policiais irracionais que servem apenas para matar moradores inocentes nas favelas e periferias; não contamos com os prometidos hospitais de campanha, que apenas comem dinheiro público e nunca são inaugurados e somos obrigados a aquentar um prefeito que já demitiu profissionais de saúde, desmontou boa parte do SUS e ainda quer suspender o isolamento social quando a pandemia está em seu ponto mais crítico.
Sob a ameaça direta de Bolsonaro, Witzel e Crivella, a defesa da democracia e da vida é o que motiva as ações unitárias das forças de esquerda e centro-esquerda no Rio de Janeiro e projetando esperança de sua continuação para derrotar o fascismo nas próximas eleições municipais.
Para que a construção da unidade tenha consequência, precisamos elaborar conjuntamente um programa unitário sobre o qual se defina uma candidatura de consenso. Não adianta colocar a carroça na frente dos bois, pois está provado que assim não alcançaremos a tão sonhada união eleitoral das esquerdas.
Se fomos capazes de nos unir no combate à pandemia propondo e votando projetos emergenciais de interesse do povo, garantindo segurança ao isolamento social com a renda mínima emergencial, assinando juntos o pedido de impeachment de Bolsonaro, poderemos também trilhar o caminho da unidade em torno de um programa e de um candidato comum para reconstruir o Rio de Janeiro sem ódio nem fascismo e com saúde pública, educação, cultura, inclusão social e geração de empregos.
*Benedita da Silva é deputada federal (PT-RJ)