Opina 15 junho - Arte
Opina 15 junhoArte
Por Aristóteles Drummond*
Apesar de todo este clima de indignação com a divulgação de malfeitos inadmissíveis no Estado do Rio, com os recursos recebidos do governo federal para o combate à covid-19, que precisam ser apuradas e aprofundadas, o Rio tem efetivamente fôlego de sete gatos e apresenta condições singulares para emergir da crise em condições de recuperar o crescimento econômico e aperfeiçoar a elevação do padrão de vida de sua população.

A se confirmarem as denúncias, a forma grosseira de fraudar compras e contratação de serviços, a crise política terá um desfecho rápido e constitucional. O Brasil não tolera mais este tipo de delito, muito menos o Rio, que vem de uma sucessão de lamentáveis episódios, com todos seus ex-governadores com passagem pela prisão. E a eleição municipal deve transcorrer sem as ameaças de atraso, como ocorreu no último pleito. Os três nomes que aparecem inspiram confiança aos investidores. O atual prefeito, candidato à reeleição, que melhorou seu desempenho recentemente, inclusive na questão da pandemia, o ex-prefeito Eduardo Paes e o empresário Paulo Marinho, este sem passado político, mas presença em importantes projetos na região.

Superado este momento, na política, na economia e na pandemia, as coisas devem começar a acontecer. Foi noticiado, por exemplo, a venda do Hotel Glória a um poderoso grupo financeiro, que vai transformá-lo em habitação, talvez com parte hoteleira, de primeira qualidade. O prédio histórico da Beneficência Portuguesa deve ter também um aproveitamento de alto luxo, na mesma região, que é próxima ao centro, ao aeroporto e servida por transportes e vias de acesso de qualidade. A força do mercado de produtos imobiliários de qualidade foi testada ano passado, com o lançamento na antiga sede do Flamengo, na Avenida Rui Barbosa.

A consolidação do projeto denominado de Rio Maravilha pode vingar com a mudança da Caixa Econômica, a retomada dos planos habitacionais para funcionários municipais, os investimentos na orla do Porto, nos armazéns, e, quem sabe, o ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos, com criatividade criam uma zona bancária internacional, como o Rio Dólar, que foi sonho de Roberto Campos, avô, e do dirigente empresarial Theophilo de Azeredo Santos, nos anos oitenta e noventa.

O Brasil parece amadurecido para um mínimo de liberdade nas operações de câmbio, podendo, inclusive, criar contas em moedas estrangeiras a serem sacadas apenas em reais e sem imposto sobre diferenças cambiais. Assim, o governo poderia vender parte das reservas para cobrir os gastos com a crise, sem a saída do dinheiro de nossas contas. Criatividade combina com o Rio. Reativar o Projeto de Zona Processamento de Exportações, em formato moderno, em Itaguaí, que adormece desde o governo Sarney, é outra ideia.

O Rio tem um senador e um vereador, filhos do presidente Bolsonaro, que teve sete mandatos parlamentares bem votados pelos cariocas e fluminenses. A chance é agora. Oportunidade de apoio sem gastos públicos, com boa vontade apenas, não falta.
*Aristóteles Drummond é jornalista