Maio/2017.A psicanalista Renata Bento no seu consultório na Barra da Tijuca..Foto: Selmy Yassuda - Selmy Yassuda/divulgação
Maio/2017.A psicanalista Renata Bento no seu consultório na Barra da Tijuca..Foto: Selmy YassudaSelmy Yassuda/divulgação
Por Renata Bento*
Estamos diante de uma realidade obscura, invadidos por algo silencioso e invisível onde é preciso que todos se recolham; não são férias, é cuidado, é preservação. A mente debilitada faz com que os pensamentos fiquem confusos, negativos e deturpados o que traz um enfraquecimento mental tornando-se mais permeável para outro tipo de ‘vírus’: o vírus da desordem emocional. Que como sintomas, surgem: a ansiedade, o medo e o pânico, que contamina todos a volta, piorando enormemente o próprio estado emocional consequentemente atingindo a relação dentro de casa.

É importante conversar com os pequenos, ajuda-los a expressarem seus sentimentos de medo e angústia. Não os proíba de falar, ajude-os a colocar para fora o que sentem, da forma deles. As crianças muitas vezes não conseguem colocar em palavras, mas se expressam através dos desenhos ou brincadeiras

Em caso de pais separados, estabeleça um contato por vídeo diariamente. Essa é uma situação atípica onde o bom senso deverá mais do que nunca utilizado. É comum que em momentos de angustia a criança busque mais contato com os pais, tente não evitar essa aproximação; traga-os para perto, mas não os aflija com seus medos.

Para evitar estresse, evite ou reduza o contato excessivo com o noticiário, isso pode causar ainda mais ansiedade; saiba que está fazendo o que é preciso, que é estar em casa; se isso for inevitável, estabeleça limite de contato com as notícias e procure fontes mais confiáveis, evite boatos de grupos de aplicativos. Esse tempo poderá ser usado para ler um livro, fazer receitas, arrumar coisas em casa, escutar música, conversar por telefone ou vídeo com os familiares e amigos, fazer um curso online, por exemplo..

Se puder, crie grupo de interação online para discussão de livros, artes e novas ideias. A tecnologia pode ser usada como grande aliada, seja para jogos, leituras, filmes ou estudos. Busque estabelecer uma rotina. A rotina organiza a cabeça, e a mente produtiva ajuda a manter o equilíbrio emocional.

Com as crianças, busque mesclar tecnologia com a criação de atividades lúdicas como desenhos, pinturas, recortes, massinha, sucata, cabana de lençol entre outras. É tempo de aproveitar a oportunidade para ensinar as crianças de acordo com sua faixa etária, as tarefas domésticas: como arrumar a própria cama, colocar a roupa no cesto e também na máquina de lavar, arrumar a mesa, varrer a casa, aspirar, regar as plantas, tirar o pó, cozinhar, lavar e/ou secar a louça, arrumar os brinquedos e o armário.

Mantenham distância física, mas busquem proximidade emocional; reforcem os laços sociais através de mensagens, interações por vídeo, e-mails. O que não tem remédio, remediado está. Agora é suportar até que surjam novas possibilidades. Como dito pelo poeta Guimarães Rosa, “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é CORAGEM!” Vamos em frente utilizando a parte boa de nós mesmos e criando novas formas de lidar com a vida; sejamos então corajosos!
*Renata Bento é psicóloga, especialista em criança, adulto, adolescente e família