Cristiane Rodrigues - Sepe-RJ - divulgação
Cristiane Rodrigues - Sepe-RJdivulgação
Por Cristiane Rodrigues*
Rio - A maioria dos funcionários da cozinha é do grupo de risco. Muitos adquiriram doenças crônicas, realizando sua função. Como garantir a confecção e distribuição da merenda escolar, tendo profissionais no grupo de risco? Isso, sem falar no alto número de profissionais já afastados por questão de Saúde. A conta não fecha! Recebemos, pelo menos, três vezes por semana alimentos para a produção da merenda escolar. Em algumas escolas, passa de uma tonelada de gêneros.
Como fazer a desinfecção, lavar e secar cada um desses produtos? Há referência de outros lugares onde se siga um protocolo de higiene de acordo com orientação científica?

Que tipo de uniforme teremos que usar a partir de agora, sabendo que na cozinha há fogo, água e é um local extremamente quente? O uniforme e sua desinfecção serão garantidos pelo governo ?

Como servir a merenda com segurança, sem aglomeração, já que no refeitório não há espaço físico suficiente para receber as turmas? Além disso, considerando que será um local onde, obrigatoriamente, as crianças ficarão sem máscaras, como garantir a não transmissão do coronavírus?

Como será a limpeza do refeitório entre os intervalos das turmas, se também será feita a desinfecção nas salas de aula? Chegando às escolas, teremos que tomar banho e nos trocar. Como faremos isso se não há banheiros com chuveiro para uso dos funcionários?

Faço estas indagações enquanto merendeira. A gente, que está nesta função, sabe das dificuldades do dia a dia. A gente conhece melhor do que qualquer governante a nossa rotina e afirmamos que não há, ainda, segurança para a volta às aulas. Não há como proteger alunos e profissionais da Educação, enquanto não houver um mínimo de planejamento de segurança.

*Cristiane Rodrigues é merendeira, coordenação da Regional 3 do Sepe-RJ