Opina 13 julho - Arte
Opina 13 julhoArte
Por Eugênio Cunha*
O isolamento social causado pela pandemia da Covid-19 deverá provocar mudanças nas práticas de ensino no espaço escolar. Apesar de inúmeras consequências negativas, ainda é possível trilhar caminhos pedagógicos.

Professores têm transformado dificuldades diversas em solo fértil para o magistério. No campo da aprendizagem humana, esse processo é possível quando se aprende, principalmente, por meio de metodologias ativas, que estabelecem a aprendizagem pela ação, isto é, “Learning by doing”, “Aprender fazendo”. Trata-se do envolvimento comportamental e emocional do aprendente. Uma forma de ensinar que não visa apenas levar os alunos a darem respostas, mas a desenvolverem conhecimentos.

Acredito que o momento atual poderá ser também propício para o surgimento de um modelo de ensino colaborativo, com base na atividade dos educandos, em que se aprende na participação e cooperação, no intercâmbio de saberes gerados num espaço de trocas epistemológicas.

O período de isolamento físico permitiu que o estudante desenvolvesse autonomia e disciplina durante as aulas remotas. Decerto, a aprendizagem da nova geração de aprendentes está estreitamente ligada à autonomia. Não se aprende apenas por memorização, mas pela capacidade de envolvimento nos mecanismos de construção do conhecimento, por meio da resolução de problemas, pensamento reflexivo e execução de atividades. Dessa forma, as competências são melhor desenvolvidas em ambientes que estimulem a aprendizagem colaborativa.

A educação poderá ter esses matizes a partir de agora. Não há como voltar a um ensino baseado apenas na memorização. No modelo ativo, o professor propõe desafios, sugere instrumentos e estabelece a colaboração. O aluno procura soluções, refina as sugestões e estabelece sua identidade.

A aula colaborativa gira em torno de quem aprende, mediado por quem ensina. A docência se materializa pela mobilização discente. Que alternativas existem para tal? Como suscitar desafios para que o aprendente seja estimulado a aprender? De fato, para atingir todos os educandos, personificando as ações pedagógicas, será necessário traçar propostas e estabelecer competências individualizadas. O conteúdo poderá ser o mesmo, porém o objetivo para cada estudante deverá ser diferente, em razão das condições individuais. É preciso lembrar que estamos no período de implementação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC.

Porém, o mais importante será humanizar as práticas de ensino, no presencial ou no virtual. O acolhimento de alunos e professores será o primeiro passo para as mudanças. As instituições escolares, públicas e privadas, terão que investir em seus educadores provendo um olhar instrumentalizado e sensível.

Instrumentalizado, porque para ensinar é preciso conhecer. Sensível, porque não há educação sem laços humanos, sem dimensões afetivas.
*Eugênio Cunha é Doutor em educação, professor do Ensino Superior e da Educação Básica