O diagnóstico é simples e cruel: brasileiros não investem em proteção à vida. Se compararmos com os americanos, nossa preocupação em torno disso representa menos de 10% do que é investido por pessoa nos EUA. Isso, no entanto, não se explica apenas pela diferença da riqueza entre os dois países. Existem dois fortes aspectos culturais para isso.
O primeiro é o imediatismo. O brasileiro não renuncia ao gasto no presente para um planejamento de médio e longo prazo. Há razões econômicas do passado para isso, mas desde a criação do Real, não temos tantos soluços inesperados em relação à inflação, como os que vimos na década de 1980.
A consciência sobre o planejamento financeiro tem crescido nos últimos anos. No entanto, caminhamos lentamente. O Datafolha fez uma pesquisa que corrobora com isto. Segundo o estudo, 40% dos entrevistados afirmaram que teriam dinheiro para se sustentar por, no máximo, um mês se perdessem os seus rendimentos. Outros 6% disseram que já não estão conseguindo se sustentar e 11% afirmaram que teriam dinheiro suficiente para menos de 15 dias.
O segundo aspecto cultural é sobre abordar a morte. Latinos de uma forma geral – e brasileiros em especial – têm dificuldade de discutir sobre isso. Há razões fortes para isso, principalmente relacionadas com a matriz religiosa predominante nestes países e com tradições seculares que nos são dadas como exemplo durante a nossa criação.
Uma crise como a que estamos vivendo nos dias de hoje não traz apenas coisas ruins. Ela também apresenta um horizonte de aprendizado e questões importantes. Há, no Brasil, um ditado que diz que a morte é a única certeza que temos. Por quê, então, seguimos não querendo falar sobre isto quando ela é a parte mais natural da vida? Ou, até, mesmo, se planejar financeiramente para o impacto que a nossa falta fará à nossa família?
Quando olhamos para a importância do seguro de vida, ele passa a ser muito mais do que uma apólice. Ele se concretiza como o ato de amor do ente querido no caso de morte inesperada. É com ele que a família tangibiliza o legado deixado, seja em forma de educação, realização de sonhos ou do próprio sustento.
Eu me lembro do dia em que fiz o meu primeiro seguro de vida, de ter dado boa noite aos meus filhos naquele momento e de ter deitado com uma enorme sensação de tranquilidade. É de extrema relevância falarmos disso e nos questionarmos sobre o que temos que mudar na nossa cultura e nas nossas atitudes a esse propósito para vivermos com um mínimo de planejamento financeiro.