Nuno Pedro David
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Por Nuno Pedro David*
Estudo realizado pela consultoria americana Bain & Company revela que o setor de seguros é um dos que deve ter alta demanda na crise e a longo prazo. Segundo a Swiss Re Sigma e o Banco Mundial, a penetração per capita de seguros de vida sobre o PIB brasileiro foi de 0,2% em 2019. Na União Europeia, este indicador foi de 1,7%, nos Estados Unidos de 1,8%, no Reino Unido de 3,5%. E mesmo aqui, na América do Sul, foi de 0,5% no Chile, o que representa 250% a mais do que no Brasil.

O diagnóstico é simples e cruel: brasileiros não investem em proteção à vida. Se compararmos com os americanos, nossa preocupação em torno disso representa menos de 10% do que é investido por pessoa nos EUA. Isso, no entanto, não se explica apenas pela diferença da riqueza entre os dois países. Existem dois fortes aspectos culturais para isso.

O primeiro é o imediatismo. O brasileiro não renuncia ao gasto no presente para um planejamento de médio e longo prazo. Há razões econômicas do passado para isso, mas desde a criação do Real, não temos tantos soluços inesperados em relação à inflação, como os que vimos na década de 1980.

A consciência sobre o planejamento financeiro tem crescido nos últimos anos. No entanto, caminhamos lentamente. O Datafolha fez uma pesquisa que corrobora com isto. Segundo o estudo, 40% dos entrevistados afirmaram que teriam dinheiro para se sustentar por, no máximo, um mês se perdessem os seus rendimentos. Outros 6% disseram que já não estão conseguindo se sustentar e 11% afirmaram que teriam dinheiro suficiente para menos de 15 dias.

O segundo aspecto cultural é sobre abordar a morte. Latinos de uma forma geral – e brasileiros em especial – têm dificuldade de discutir sobre isso. Há razões fortes para isso, principalmente relacionadas com a matriz religiosa predominante nestes países e com tradições seculares que nos são dadas como exemplo durante a nossa criação.

Uma crise como a que estamos vivendo nos dias de hoje não traz apenas coisas ruins. Ela também apresenta um horizonte de aprendizado e questões importantes. Há, no Brasil, um ditado que diz que a morte é a única certeza que temos. Por quê, então, seguimos não querendo falar sobre isto quando ela é a parte mais natural da vida? Ou, até, mesmo, se planejar financeiramente para o impacto que a nossa falta fará à nossa família?

Quando olhamos para a importância do seguro de vida, ele passa a ser muito mais do que uma apólice. Ele se concretiza como o ato de amor do ente querido no caso de morte inesperada. É com ele que a família tangibiliza o legado deixado, seja em forma de educação, realização de sonhos ou do próprio sustento.

Eu me lembro do dia em que fiz o meu primeiro seguro de vida, de ter dado boa noite aos meus filhos naquele momento e de ter deitado com uma enorme sensação de tranquilidade. É de extrema relevância falarmos disso e nos questionarmos sobre o que temos que mudar na nossa cultura e nas nossas atitudes a esse propósito para vivermos com um mínimo de planejamento financeiro.
*Nuno Pedro David é Chief Marketing Officer da MAG Seguros