Fátima Amorim - Psicanalista e Pós Graduada em Administração Escolar
Fátima Amorim - Psicanalista e Pós Graduada em Administração Escolar Divulgação
Por Fatima Amorim*
Antes de mais nada é importante pensarmos sobre o que representa a escola para crianças de 3 a 6 anos. Com certeza é um espaço de interação social, que lhes garante alegria e as estimula a continuar crescendo e se desenvolvendo com animação, força e curiosidade. Mas como fazer isso em tempos de pandemia?
Precisamos lembrar que os estudos indicam que as crianças são as que menos se contaminam e transmitem o vírus, e a escola é um espaço onde podemos ter um processo de criação de novos hábitos, de forma a não gerar resistência ao contato com o outro. Com tranquilidade e acolhimento, é importante sempre lhes apontar, caso a máscara se mova, e perguntar se estão num bom lugar, relacionando isso ao distanciamento necessário.
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As famílias estão aflitas com a situação que vivemos e a pressão dos seus trabalhos e, assim, a disponibilidade para os pequenos fica prejudicada. As crianças estão apresentando medos e insegurança frente ao convívio social e isso pode gerar sérias consequências. Sem dúvida, a escola não pode mais ser a mesma.
É preciso que se garanta padrões compatíveis com as exigências sanitárias – uso de máscara, higienização dos espaços, objetos, mãos e distanciamento. Sobre a higienização tudo bem, é uma questão dos adultos da escola. Mas e os aspectos que dizem respeito aos comportamentos da própria criança? Como levá-las a continuar brincando e aprendendo com alegria, mantendo distanciamento e usando máscara?
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No dia a dia da escola, o mais importante é o fortalecimento dos laços pessoais e sociais. Ouvir as crianças deve ser sempre o mais importante e, prestando um pouco mais de atenção, perceber seus medos e inseguranças. A partir daí, surge a oportunidade de se traçar formas de atuação para ajudá-las.
Conviver com elas sempre nos leva a buscar o melhor de nós e assim devemos seguir, pois com atenção ao que nos apresentam é possível rearranjar a prática, ajudando-as a lidar com as perdas e a recriar seu mundo. Dentro de suas possibilidades, juntando lembranças e experiências, elas vão fazendo a sua parte, inventando um mundo dentro de si e se capacitando para conviver com o de fora.
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Com certeza, a escola não pode mais ser a mesma. É preciso repensar seus objetivos, sua dinâmica, sempre se mantendo fiel a seus princípios pedagógicos. Resgatando Paulo Freire, lembramos que uma escola deve ser séria, mas jamais sisuda. Uma escola deve ser alegre! E como só é possível ser gente convivendo com gente, devemos estruturar nosso trabalho possibilitando que compartilhem suas experiências, vivenciem inúmeras atividades sensoriais, troquem com seus pares e adultos e se utilizem do que de bom a tecnologia tem a nos oferecer.
Como diz um conhecido ditado africano, para educar uma criança é preciso toda uma aldeia. Para isso não basta a família, não basta a escola, é preciso também a comunidade.

*É psicanalista e Pós Graduada em Administração Escolar e diretora da Curiosa Idade