Este evento faz lembrar aos cariocas outras instituições de longa tradição na assistência social voltada para os mais carentes, sendo algumas na mesma área. Nos anos 1930, a região da Lagoa passou a contar com entidades como a Obra do Berço, cujo projeto de arquitetura de sua sede, de 1937, foi dos primeiros projetos do então recém-formado Oscar Niemeyer, que acolhe crianças durante o dia, normalmente filhos de diaristas que trabalham na região, hoje em número de 70.
Em meio a um país em crise, muito dividido, chocado com tanta corrupção e impunidade, é preciso informar a população que existe ainda gente de bem e do bem, que precisam ser lembrados para servirem de exemplo para as novas gerações. A ABRAG, por exemplo, criação e dedicação de Isis Penido, atende a centenas de cirurgias de glaucoma por ano, contando também com profissionais do SUS e outros voluntários. O tradicional Asilo São Luiz, no Caju, fundado ainda no Império, sempre contou com este voluntariado de qualidade, como a falecida embaixatriz Regina Regis Bittencourt e o empresário Sergio de Andrade Carvalho. Em quase todas estas entidades, encontra-se as digitais da admirável Gisella Amaral, que nos deixou ano passado.
Muitas destas obras beneficentes, ao longo de sua história, tiveram o apoio de mulheres de autoridades, como D. Darcy Vargas, D. Emma Negrão de Lima e D. Sarah Kubitscheck, quando a elite social se integrava com a alta administração do Brasil. Reconfortante saber que este sentido verdadeiramente voltado para o social, sem nenhuma militância política ou gestão duvidosa, ainda resiste no país, e dá a esperança de que novas gerações venham a prosseguir este trabalho tão desinteressado e de forte fundamento cristão.