Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
Semana passada a ABBR renovou seus órgãos diretivos, reelegendo, como vem fazendo há mais de 20 anos, Deusdeth Gomes do Nascimento, notável cirurgião e ortopedista, que se presta a este belo voluntariado com muito amor e dedicação. A ABBR tem uma tradição de exemplo de solidariedade e generosidade desde que fundada pelo empresário Percy Murray, seguido pela dedicação de Malu Rocha Miranda à frente da grande obra, inaugurada em 1957 pelo presidente JK. Entidade privada beneficente, é a maior referência médica em reabilitação da região sudeste.

Este evento faz lembrar aos cariocas outras instituições de longa tradição na assistência social voltada para os mais carentes, sendo algumas na mesma área. Nos anos 1930, a região da Lagoa passou a contar com entidades como a Obra do Berço, cujo projeto de arquitetura de sua sede, de 1937, foi dos primeiros projetos do então recém-formado Oscar Niemeyer, que acolhe crianças durante o dia, normalmente filhos de diaristas que trabalham na região, hoje em número de 70.
O Patronato da Gávea, com atendimento social em diversas áreas, data dos anos 1930, e é dirigido pelo advogado João Mauricio Pinho, de larga folha de serviços à cultura e ao social da cidade, que foi o presidente que recuperou nosso Museu de Arte Moderna, tendo em Maria Helena Figueira de Mello Chermont de Britto, grande dama da mais tradicional sociedade, uma dedicada dirigente executiva. Ainda no Jardim Botânico, o exemplar Ambulatório da Praia do Pinto, com atendimento social e médico de primeira, com consultas marcadas, a preço populares, dirigida por Sarita Galliez Pinto, aos 87 anos, com tocante exemplo de solidariedade.

Em meio a um país em crise, muito dividido, chocado com tanta corrupção e impunidade, é preciso informar a população que existe ainda gente de bem e do bem, que precisam ser lembrados para servirem de exemplo para as novas gerações. A ABRAG, por exemplo, criação e dedicação de Isis Penido, atende a centenas de cirurgias de glaucoma por ano, contando também com profissionais do SUS e outros voluntários. O tradicional Asilo São Luiz, no Caju, fundado ainda no Império, sempre contou com este voluntariado de qualidade, como a falecida embaixatriz Regina Regis Bittencourt e o empresário Sergio de Andrade Carvalho. Em quase todas estas entidades, encontra-se as digitais da admirável Gisella Amaral, que nos deixou ano passado.

Muitas destas obras beneficentes, ao longo de sua história, tiveram o apoio de mulheres de autoridades, como D. Darcy Vargas, D. Emma Negrão de Lima e D. Sarah Kubitscheck, quando a elite social se integrava com a alta administração do Brasil. Reconfortante saber que este sentido verdadeiramente voltado para o social, sem nenhuma militância política ou gestão duvidosa, ainda resiste no país, e dá a esperança de que novas gerações venham a prosseguir este trabalho tão desinteressado e de forte fundamento cristão.

Publicidade
*Aristóteles Drummond é jornalista