Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior
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Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior Divulgação
Por Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior*
A terceira década do século XXI impõe novos desafios às organizações estatais, que precisam se reinventar para continuar entregando os resultados esperados. A boa notícia é que, no Inmetro, a transformação está em curso, com a elaboração de um planejamento estratégico que guiará sua atuação nos próximos anos.

O Brasil é um dos países que mais impõe obstáculos para o empreendedorismo. Em geral, há desconfiança generalizada em relação a empresas e cidadãos, que se traduz em um ambiente regulatório complexo e de baixa eficiência.

O atual governo quer mudar este quadro, criando um ambiente de negócios efetivamente liberal. A proposta da Lei de Liberdade Econômica apresenta uma mudança de paradigma: o empreendedor deve ter a confiança inicial do Estado. Isso significa que os agentes reguladores devem deslocar seu foco das exigências pré-mercado para as ações pós-mercado, ou seja, ter instrumentos para identificar e rapidamente retirar de mercado produtos ou serviços que apresentem riscos inaceitáveis para o consumidor.

O Inmetro necessita incorporar esta perspectiva e atuar menos como guardião da porta de entrada do mercado e mais no monitoramento para identificar as não-conformidades. Para isso, será necessário desenvolver ferramentas baseadas em sistemas de informação e contar com a participação do próprio consumidor para informar com rapidez as suspeitas.

O desafio do monitoramento se intensifica com a reforma administrativa e a diminuição na reposição dos servidores aposentados por concurso público, uma necessidade para manter o equilíbrio das contas públicas. Mais um fator que exige modernização da gestão e investimento em tecnologia da informação.

A intensificação da globalização igualmente impõe desafios: não é por meio de protecionismo que as empresas nacionais vão garantir prosperidade, mas pela competitividade. Para isso, é fundamental que o País tenha uma infraestrutura da qualidade que permita aos nossos produtos e serviços disputar mercados interno e externo.

Por fim, a chamada 4ª Revolução Industrial demanda atuação sinérgica do Inmetro com outros atores públicos e privados, principalmente pelo alcance e velocidade das novas tecnologias, amplamente apoiadas em tecnologia da informação e na internet. É fundamental que governos, empresas, universidades e sociedade civil trabalhem em conjunto, abrindo-se espaço para ações de autorregulamentação.

Todos esses desafios exigem visão de futuro e definição clara da direção a seguir. Para iniciar esse processo, o Inmetro está construindo seu planejamento estratégico com ampla participação das partes interessadas.

É grande a confiança de que o Instituto entrará em 2021 com um planejamento realizado e já implantando as primeiras ações para se tornar mais eficiente, moderno e inovador, sendo cada vez mais um suporte valioso para a economia brasileira. O Inmetro tem uma grande oportunidade de mostrar seu valor e escrever mais uma bela página em sua história de relevantes serviços prestados ao País.
*Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior é presidente do Inmetro