OPINA3AGO - ARTE KIKO
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Por Aristóteles Drummond*
Embora com alta e injustificada rejeição, Eduardo Paes é o nome favorito para enfrentar o prefeito Marcelo Crivella, candidato à reeleição. O eleitor está, por um lado, tomado por idiossincrasias pessoais, com base em erros comportamentais do ex-prefeito, como ligações políticas que foram pragmáticas e não ideológicas ou partidárias, o erro na escolha do candidato, que retirou do segundo turno o centro-democrático, e obras polêmicas, como a ciclovia da Niemeyer, justamente no coração de uma sólida base política que o acompanha desde a vereança. Mas, por outro lado, é inegável que foi um grande realizador e reformador da Prefeitura do Rio, escalando uma equipe jovem de verdadeira renovação, com uma visão de cidade moderna, grande, realista. A seu favor está a evidente realidade de que as duas derrotas, para a Prefeitura e o Governo do Estado, provocaram um real amadurecimento e, talvez, a humildade que tenha faltado na imposição de candidato inviável.

Já o prefeito Crivella foi eleito por dois eleitores qualificados, a saber: o próprio Paes, que, ao ter três candidatos oriundos de seu governo e seu bloco político, não pôde disputar o segundo turno, e o candidato que emergiu deste vazio, Marcelo Freixo, do mais radical partido de esquerda do país, filosofia que contraria o pensamento majoritário do carioca, mas que é mais do “paz e amor” do que da luta de classes. Assim Crivella foi eleito. A bem da verdade, se não proporcionou à cidade uma gestão venturosa, não cometeu graves erros e, dentro do quadro reinante no estado, não teve registros maiores de casos de corrupção, inclusive na aplicação das verbas ligadas a Covid-19.

Falta a Paes, ao que parece, avaliar que, em 2018, o espaço aberto para o candidato Jair Bolsonaro, na disputa presidencial, foi gentilmente cedido pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que optou por atacá-lo, quando o país queria mesmo era varrer com o PT. Mas a dubiedade que marca os tucanos, com afinidades indisfarçáveis com o PT e outras legendas de esquerda, como o PSB do vice em São Paulo, alijou o candidato do segundo turno.

A observação aqui feita é com base em notícias de colunistas bem informados da política local de que estaria sendo aventada uma chapa em que o companheiro de Paes seria de uma “esquerda moderada”. Por isso, certamente, reza todas as noites o bispo licenciado da IURD Marcelo Crivella.

Eduardo Paes não deve temer o patrulhamento de meia dúzia de personagens sem votos e muita mídia. Só precisa assumir a posição do candidato pragmático, cujo programa são obras, aperfeiçoamento dos serviços municipais, contra a demagogia e aberto a fazer do Rio uma cidade atrativa para investimentos nos serviços, no turismo e, em especial, na cultura, com uma racional política de melhoria da qualidade de vida das populações sofridas das comunidades.

O Rio quer e precisa empregar seus jovens, e não aumentar a folha de servidores. A população já não acredita no palavreado vazio e balofo daqueles que não se acanharam em defender regimes como dos da Venezuela e Cuba, modelo ideal para jovens herdeiros das camadas mais altas da sociedade. O povo, hoje, sabe e interpreta bem este tipo que exalta Caracas e Havana, mas prefere Paris.

Não será difícil encontrar um vice entre empresários, educadores, gestores de projetos sociais sem conotação ideológica. O Rio precisa de seu talento em administrar e não quer pagar mais pelos seus equívocos políticos.

*Aristóteles Drummond é jornalista