Tiago Aquino Paçoca
Tiago Aquino PaçocaDivulgação
Por Tiago Aquino*
Crianças brincando, aprendendo de forma coletiva, interagindo com seus colegas, atividades extracurriculares em grupos, todos saindo ao mesmo tempo ao sinal da escola, entre tantas coisas boas que o cenário escolar nos propiciou até então.

Uma nova organização social na escola trará novos desenhos coreográficos (algo que retrate um novo movimento espacial na escola).

Quase toda a população mundial foi afetada com o afastamento das crianças e adolescentes das escolas, estima-se algo em torno de 190 países e 1.5 bilhões de estudantes. A maioria das escolas adotou os métodos de educação à distância com o uso de aulas ao vivo e/ou gravadas, exercícios online, aulas interativas e aplicativos. No entanto esse modo ainda é muito desafiador a grande parte da comunidade escolar: alunos sem equipamentos e acesso à internet, auxílio às crianças pequenas pelos pais que estão em home office em sua maioria, adaptação aos materiais e formas digitais de aprendizagem, o não treinamento devido para o uso das ferramentas virtuais, entre outros. E aqui já quero parabenizar os educadores que de um dia para o outro tiveram de fazer um grande esforço para reorganizarem os conteúdos e conheceram minimamente as ferramentas de ensino a distância.

E sobre a retomada das aulas? Ainda cercada de muitas incertezas nos âmbitos da saúde, política, econômica e educacional. É essencial que as escolas estejam organizadas para o retorno às aulas, sendo um processo de muita atenção considerando as normas e protocolos para a proteção de todos. Em alguns países que já estão com as aulas presenciais, algumas medidas foram destacadas: limitação de alunos por sala de aula com distanciamento de 1,5 a 2 m.; uso de máscaras durante as aulas; simulações e educação às boas práticas de higiene; salas mais ventiladas e com menos mobílias; escalonamento/ rodízio de alunos em dias específicos na semana; higienização dos espaços com mais frequência; medição da temperatura dos alunos na entrada das escolas; acesso limitado de pessoas nas escolas deixando de forma quase exclusiva aos alunos e funcionários; rotas e trajetos específicos dos alunos na escola; o não compartilhamento de alimentos durante a presença na escola; entre outras ações.

Ou seja, nasce um novo movimento e dinâmica coreográfica nas escolas. Diante desse cenário a situação é complexa e os desafios são enormes, e a escola deverá se apoiar em diversas áreas – educação, assistência social e saúde. Pensando num possível programa de recuperação de aprendizagem alguns pontos devem ser considerados: avaliação diagnóstica inicial e acompanhamento frequente do nível de aprendizado; formado por turmas menores os alunos deverão ter acompanhamento mais personalizado e customizado de acordo com suas necessidades; e a pauta não somente focada no conteúdo e também na educação socioemocional e atenção aos aprendizes e educadores.
A escola, em sua maioria, lembrada por uma arquitetura rígida composta por ações disciplinadoras e de organização social da criança nesse espaço. E agora isso será mais ainda enaltecido (infelizmente!). Na retomada será momento de valorizar e cuidar das emoções das crianças e educadores; impulsionar conteúdos que valorizem o movimento e as artes; incentivar a educação por projetos e a digital de forma sistemática; o contato com a natureza e outros espaços antes menos valorizados; e por fim dar voz e escuta aos alunos. Uma nova configuração chegou e devemos estar preparados para entender, aceitar e viver em harmonia!
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*Tiago Aquino é palestrante e membro do Laboratório de Estudos do Lazer