Maurício Gaetani - Divulgação/ Celso Mellani
Maurício GaetaniDivulgação/ Celso Mellani
Por Maurício Gaetani*
Este momento de pandemia e quarentena nos coloca diante de um dos sentimentos que o cérebro humano menos gosta de experimentar: a incerteza. Mas por que ela é tão desconfortável para nós? Simplesmente porque é uma das coisas que mais ameaçam a sobrevivência que a parte mais primitiva do nosso cérebro tanto tenta preservar para se sentir segura e confortável no mundo.

Nosso cérebro possui duas pequenas estruturas em forma de amêndoa que fazem parte do seu sistema límbico: as amígdalas. Elas são uma espécie de centro identificador de perigos, responsáveis pelo nosso instinto de sobrevivência, pelo processamento de emoções ligadas ao medo e pelas nossas respostas de fuga ou luta diante de possíveis ameaças. Se no que chamamos de “vida normal” nossas amígdalas já vivem em estado de alerta para nos proteger, neste momento de perdas e de horizontes profissionais, econômicos e de saúde tão incertos, elas estão mais atentas e “assustadas” do que nunca.

Nosso desafio agora? Conseguirmos agir diante de todas essas mudanças, perdas e incertezas, começando e recomeçando o que for necessário para levar nossa vida adiante. Um dia de cada vez. Sabemos que não é fácil sermos criativos e produtivos quando sentimos nossa sobrevivência ameaçada, mas existem atitudes que podem nos ajudar com isso.

Primeiro. Aceite a incerteza deste momento. Entenda que por mais que seu cérebro odeie lidar com ela, ele terá que aprender a começar seus projetos e agir na presença dela. Deixar de fazer aquilo que é importante para você agora apenas para fugir da incerteza não vai ajudar em nada, apenas vai impedir que você saia do lugar e crie situações e oportunidades novas. Resumindo: fique atento para perceber se está deixando de começar o que você quer ou precisa apenas para tentar fugir dos desconfortos do início. Simplesmente comece, mesmo com desconforto. Aos poucos, o caminho vai clareando.

Segundo. Respire fundo e procure viver ao máximo focado no momento presente. A tendência do cérebro nos momentos difíceis é ficar projetando cenários catastróficos para o futuro, o que só aumenta nossa sensação de incerteza. Como lidar com isso? Nos envolvendo de verdade no aqui e agora com a atividade que queremos ou precisamos fazer. Quando nos concentramos no que estamos fazendo nos sentimos mais fortes e nossa mente naturalmente passa a dar menos atenção à incerteza.

Terceiro. Não fique esperando se sentir motivado para agir. A maioria das pessoas acredita que só é possível começar uma atividade se estiverem se sentindo totalmente motivadas antes de agir. Acontece que o inverso também funciona: começar a agir é uma das melhores formas de gerar motivação em nós. Você não precisa necessariamente se sentir bem para começar a agir. Muitas vezes, você precisa é do contrário: começar a agir para se sentir bem.

Respire fundo, reúna todo o conhecimento que você tem sobre si mesmo, suas qualidades, seus talentos, e crie um planejamento básico para saber por onde começar e seguir em frente.

*Maurício Gaetani é autor do livro COMECE HOJE, um guia prático para ajudar as pessoas a começarem, de uma vez por todas, as atividades, projetos e sonhos que mais querem ou precisam fazer em suas vidas