Alan Pereira  - Divulgação
Alan Pereira Divulgação
Por Alan Pereira*
A alma feminina é repleta de mistérios e o maior talvez seja a incrível capacidade de amar. É dela o privilégio da maternidade. Não só pela gestação em si, mas pelo sentimento de proteção, o amor incondicional, a entrega imensurável. Mãe é uma só e isso é inquestionável, pois não há relação tão sublime.
E todos sabem disso, inclusive os pais. E estes na concepção da palavra também são incomparáveis, únicos.
Não cabe qualquer comparação entre pai e mãe. Os dois se completam. Ambos são essenciais para a vida e formação de um ser. Ocupar esse lugar exige responsabilidade, compromisso e, acima de tudo, amor e dedicação.

Não são poucas as mulheres guerreiras que cuidam de sua prole sozinha. Tornam-se mãe e pai, a chefe da casa, a única referência. Há o contrário também, o que é ainda mais desafiador. Aqueles pais que, sozinhos, ficam responsáveis por conduzir o crescimento dos filhos, passando-lhes o melhor possível no inesgotável esforço de torná-los seres de bem.

Partindo desse pressuposto, a discussão baseada em argumentos preconceituosos se torna, no mínimo, desnecessária, pois sempre foi assim. Pais que não são biológicos e assumem com maestria esse papel. Mães que não geraram os nove meses, mas em nada deixam a desejar na função que desempenham.

Por isso, a recente polêmica, a partir de uma ação publicitária na qual se colocou uma pessoa que foge do padrão social como um exemplo de pai é incabível. O, acima de tudo ser humano, Thammy recebeu críticas vorazes e até o ódio nas redes sociais, muitos oriundos até de religiosos, revelando a hipocrisia da sociedade já cantada por Chico Buarque na década de 70, na consagrada canção “Geni e o Zepelim”. Insistimos em esquecer que não nos cabe julgar o nosso semelhante.

Estamos passando por um momento tão turbulento, com pandemia, isolamento, insegurança, imprevisibilidade quanto ao futuro, ao trabalho, à economia. Um turbilhão de sentimentos, mas, mesmo assim, nos sobram tempo para a intolerância que avança a passos largos no país, principalmente no ambiente virtual, no qual muitos destilam todas as suas mazelas no outro.

Ser pai transcende a biologia. Ultrapassa os limites das convenções sociais. Ser pai é assumir um papel crucial na vida de alguém, independente da sua cor, gênero ou até grau de parentesco. Afinal, muitos pais de sangue não são pais. Essa relação tem muito a ver com o laço criado numa relação de confiança, admiração e companheirismo.

Como dizia Carlos Drummond de Andrade, “O Pai se escreve sempre com P grande”. E maior ainda é o seu exemplo, suas atitudes e legado. Ser pai é para aqueles que têm coragem e integridade para cumprir tamanha missão de se tornar referência para alguém. O meu é um exemplo e, plagiando o saudoso João Nogueira, “...se meu pai foi espelho em minha vida...quero ser para o meu filho espelho seu”. Simples assim. Pai que é pai, também é um só.

*Alan Pereira é jornalista e empresário