Julio César Silva Santos - Divulgação
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Por Julio César Silva Santos*
A pandemia de coronavírus é um dos maiores desafios de nosso século. Além dos problemas sanitários, precisamos enfrentar a grave crise econômica. Estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe apontam que pode haver, no continente, uma redução do PIB na ordem de 1,8%. Se isso se confirmar, serão mais de 220 milhões de pessoas pobres na região e o número de indivíduos em extrema pobreza pode chegar a 90 milhões.

Neste cenário, a primeira preocupação de quem elabora políticas públicas deve ser garantir a segurança alimentar para o povo. Em relatório, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura aponta que a insegurança alimentar em toda América Latina e no Caribe pode aumentar em até 269%.

Iniciativas, como as que ocorrem em Maricá, podem servir de modelo para que outras gestões. O bem-sucedido banco comunitário Mumbuca distribui renda a mais de 42 mil pessoas. Durante a pandemia, o valor do benefício aumentou. A iniciativa manteve a circulação monetária, fortalecendo as pequenas empresas e os comércios locais. 

Diferentemente do que acontece no resto do país, onde fecharam-se mais de 8 milhões de postos de trabalho, em Maricá poucas vagas deixaram de existir. A arrecadação de impostos também subiu, atingindo uma alta de 15% nos meses de abril e maio. Para se ter uma ideia, no Estado do Rio houve uma queda na ordem de 30%, no mesmo período. Esses resultados demonstram uma gestão econômica pautada na solidariedade, que oferta às pessoas condições mínimas de subsistência e gera desenvolvimento.

O plano econômico da gestão Maricaense, ao privilegiar a distribuição de renda e o desenvolvimento, favorece ainda a segurança alimentar. Mas não é apenas através de programas de transferência de renda que se pode garantir isso, é preciso construir coletivamente novas dinâmicas de produção e utilização da terra. É isso que as hortas comunitárias têm ensinado aos moradores de diversos bairros do município que aprendem a plantar, cuidar e colher, e ao final do ciclo se beneficiam dos alimentos totalmente orgânicos. Ao mesmo tempo, os solos que estavam improdutivos passam a desempenhar uma função social.

É possível avançar na consolidação da soberania alimentar mesmo em meio ao caos que o coronavírus nos impõe. Maricá é um pequeno exemplo que nos encoraja a ter esperança de que o mundo pode atravessar a crise fazendo transformação social.

*Julio César Silva Santos é presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Maricá