Márcia Costa Rodrigues - Divulgação
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Por Marcia Costa Rodrigues*
As ações emergenciais adotadas diante da pandemia revelaram o que os humanos consideram essencial para sua sobrevivência. O que seria óbvio, defender a própria vida, já demonstra não ser tão relevante para alguns, face as dinâmicas políticas e econômicas. Nas discussões sobre o retorno à normalidade, fica claro o jogo de forças, os interesses e o que de fato sociedade e representantes consideram essencial.

Na ordem das escolhas, o funcionamento contínuo de alguns espaços foi indiscutível: hospitais, farmácias, supermercados. Também centros de pesquisa reconquistaram lugar de destaque. O funcionamento da vida econômica entra no kit de sobrevivência do capitalismo. A grande questão, hoje, é a reabertura das escolas.

Na discussão sobre os limites e possibilidades do ensino remoto, pontos positivos e negativos da reabertura e justificativas ante os riscos de contaminação, caberia rever a função social das escolas antes, durante e depois da pandemia.

A crise na educação formal é anterior à Covid-19. Mesmo com a adoção das novas tecnologias, continuam sendo reproduzidos modelos obsoletos de ensino. No mundo midiático, a escola não é mais o lugar primordial da informação: é lugar de construção de conhecimento e interação. Nessa perspectiva, professores e estudantes jamais serão substituídos por máquinas. Por mais que as telas tenham destaque no cotidiano, é essencial o papel da escola como lugar de aprendizagem social.

A proposta é aproveitar o momento em que o distanciamento social ainda se faz necessário para ampliar o debate sobre a escola que precisamos, queremos e podemos fazer.

Alguns pontos de partida interessantes para quem quer construir um “novo normal”: já sabemos que não pode ter muitos estudantes na sala de aula; que é preciso valorizar os professores; que a aprendizagem acontece a partir do interesse e do sentido; que é necessário toda uma comunidade para se educar uma criança.

Também aprendemos que as escolas precisam se abrir para uma educação integral e comunitária; onde se respeite o individual e o coletivo; onde corpo e mente, razão e emoção não se separam; onde as artes não sejam complementares; onde alunos e educadores se vejam como uma comunidade aprendente.

Já sabemos também que existem experiências para compor esse diálogo. Uma delas é o trabalho do Sesc e do Senac, patrocinado por empresários do comércio de bens, serviços e turismo de todo o país. Ao longo de mais de 70 anos, foi criada uma rede educativa e de assistência, que atua em prol do desenvolvimento humano e social. Cada unidade mantém um vínculo forte com o seu entorno, atuando com crianças, jovens e adultos, em ações de Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Saúde e Assistência, além da formação profissional; compondo um caleidoscópio de opções educadoras.

Conhecer melhor trabalhos como esse pode nos ajudar a construir “um novo normal” além do álcool gel e das máscaras de proteção. Um cotidiano que promova, em essência, uma vida melhor, para todxs.
*Marcia Costa Rodrigues é gerente de Cultura do Sesc RJ