Josele Teixeira
Josele TeixeiraDivulgação
Por Josele Teixeira*
 
Educar para o exercício da cidadania tem sido um tema de grande destaque não só nas mídias como também nas produções acadêmicas. Pensar a educação como uma ferramenta de inclusão e democracia é uma máxima bastante compartilhada. Com isso, as escolas devem assumir um papel decisivo na constituição de espaços democráticos onde os sujeitos aprendentes possam desenvolver competências que viabilizem a participação dos alunos na vida em sociedade.

A alfabetização é um processo de suma importância na construção da cidadania, e vai muito além de uma concepção simplista que se atém ao aprendizado do alfabeto. Inúmeros grupos de pesquisa das universidades brasileiras têm se ocupado desta temática e defendido a teoria de uma compreensão de alfabetização enquanto uma prática social. Tais contribuições têm intensificando as discussões sobre o que de fato é estar alfabetizado. Neste sentido, pesquisadores da área estabelecem críticas a uma alfabetização que, embora ensine a ler e a escrever, não prepara os indivíduos para fazer uso da leitura e da escrita.
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Partindo desses pressupostos, é importante abrirmos a discussão sobre uma alfabetização meramente permeada por uma prática mecanicista, onde a cópia e a repetição são os pilares metodológicos. Talvez
você, caro leitor, esteja se perguntando o que de fato está sendo defendido nessas breves linhas. Na tentativa de elucidar possíveis indagações sustento a teoria de um processo de alfabetização para vida que capacite os educandos para serem sujeitos ativos que atuam conscientemente no ambiente em que vivem.
Partindo desse pressuposto, é preciso que tenhamos a clareza que a alfabetização precisa estar a serviço de uma aprendizagem significativa que contemple a real necessidade de quem aprende. Não basta para uma
sociedade que quer democracia e liberdade, apenas que os indivíduos detenham o código escrito, pois a permanência desta concepção gera um aprendizado limitado.

Já parou pra pensar por que ainda temos muito a caminhar para que nossos alunos tenham prazer pela leitura? Ou por que o fracasso escolar no ensino da nossa língua ainda é tão expressivo? Precisamos romper com uma educação “acartilhada”, por isso a compreensão da leitura e escrita precisa ser trabalhada de forma instigante.
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A apreensão da leitura e da escrita deve ser construída juntamente com o sujeito de modo significativo, prazeroso e qualitativo. Precisamos compreender que a alfabetização está diretamente ligada ao processo de socialização de um individuo, como deve ser difícil a vida das pessoas que não são alfabetizadas ou que precisam de ajuda para interpretar um simples anuncio. É urgente que o ensino da alfabetização assuma um compromisso com seu povo. Com o homem concreto. Compromisso com um ser mais autônomo e criador de sua própria história.
*Josele Teixeira é autora do livro “Alfabetização: compartilhando teorias e práticas”