Renata Bento - Divulgação/ Ana Wander Bastos
Renata BentoDivulgação/ Ana Wander Bastos
Por Renata Bento*
Trata-se de um adoecimento psíquico que se não for tratado pode gerar uma série de prejuízos emocionais que afetam a qualidade de vida de crianças e adolescentes.

Observa-se que os sinais da depressão infantil apresentam-se de formas variáveis sendo, portanto, de difícil diagnóstico. Os sintomas na criança diferem do da depressão no adulto, embora se esteja falando, nas duas situações, de sofrimento emocional. Os adultos queixam-se e há uma diminuição nas atividades rotineiras. Já a criança não consegue perceber seus próprios sentimentos e apresentará formas diferentes em seu comportamento com acréscimo de sintomas.

Os sintomas da depressão infantil podem ser facilmente confundidos com mau comportamento, pirraça, birra, agressividade, tristeza ou outros diagnósticos como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Outros sinais podem ser irritabilidade excessiva; choros frequentes; medo; distúrbios do sono; baixa autoestima; enurese; baixo rendimento escolar, isolamento social. E o sinal de alerta pode se ampliar se quaisquer desses sintomas levarem à apatia e à perda do interesse pelo brincar. É no brincar que a criança entra em contato com seus sentimentos e pode ressignificar suas vivências. O que vai diferenciar a tristeza da depressão será a intensidade e a persistência desses sintomas durante um período de tempo.

Observa-se que costuma se apresentar após eventos traumáticos, mudanças constantes de casa ou colégio, separação dos pais, nascimento de irmãos ou de algum tipo de perda significativa. É um sentimento forte de angústia que a criança não dá conta de elaborar.

A depressão patológica seria o resultado de uma incapacidade de encarar a dor e elaborar a ansiedade depressiva ocasionada por uma experiência de perda ou desapontamento. Essa incapacidade conduziria, então, ao fracasso em reabilitar, no interior da personalidade, o objeto perdido ou aquele que traiu e, dessa forma, desapontou.

Saber identificar se a criança está triste, o que pode ser um momento, da tristeza patológica exige investigação clínica minuciosa.

Os sinais da depressão na infância têm forte prevalência nos sintomas físicos. É na percepção do comportamento infantil (na escola, nas relações sociais, na hora do sono, da alimentação) que se pode verificar como a criança lida com o ambiente, se ela tem uma atitude exploratória ou se retrai diante das relações e dos obstáculos.

*Renata Bento é psicanalista e psicóloga