17/10/2018 - Entrevista com Adailton Medeiros, fundador do Ponto Cine, sala popular de Cinema digital do Brasil, localizada em Guadalupe, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Foto de Alexandre Brum / Agência O Dia - MEIA HORA CIDADE ENTREVISTA CINEMA CULTURA ENTRETENIMENTO ARTE ATORES ATRIZ ATOR - Alexandre Brum / Agencia O Dia
17/10/2018 - Entrevista com Adailton Medeiros, fundador do Ponto Cine, sala popular de Cinema digital do Brasil, localizada em Guadalupe, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Foto de Alexandre Brum / Agência O Dia - MEIA HORA CIDADE ENTREVISTA CINEMA CULTURA ENTRETENIMENTO ARTE ATORES ATRIZ ATORAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por Adailton Medeiros*
Já deixamos de ser povo, como conceito, a muito tempo. Também não somos mais massa, na pior das suas constituições. Somos fantoches manipulados por talentosos articuladores ventríloquos.

Esse negócio de direita e esquerda é só um arquétipo para nos devorarmos mutuamente, um prazer animalesco naqueles que nos manipulam e sorriem ao assistirem a nossa autofagia a serviços da nossa desintegração como humanos.

Os políticos criadores do Estado enfraqueceram a sua mais engenhosa criatura a ponto dela ter sido engolida pelo efeito colateral da sua estrutura de investimento, transferida do bem-estar do homem para o enriquecimento monetário das empresas.

O maior valor hoje não é se estar vivo e sim, rico. O dinheiro vale mais que todas as belezas e todas as desgraças.

Com o fim do Estado, por hora, pouco importa a democracia, autocracia, anarquia; vivemos a corporotocracia, o poder comandado pelas grandes corporações e subjulgadas ao reino do capital comandado pelos banqueiros.

Uma pirâmide formada assim: na sua base nós trabalhadores, profissionais liberais, comerciantes; enfim, toda a mão de obra produtiva, os fantoches. Acima de nós os políticos, nossos manipuladores a serviço das grandes corporações, que estão num outro patamar logo acima deles. E por fim, os banqueiros; o vértice da pirâmide.

Só que esses quatro extratos verticais estão em constante movimentação horizontal, como um motor de propulsão, onde o combustível que os abastece e os faz funcionar chama-se corrupção.

Bem, porque estou falando isso? Porque em novembro teremos eleições para prefeitos e vereadores. O que quer dizer que com uma eleição municipal temos a possibilidade de mudar todo o sistema? Não, não é isso. Mas, sem dúvida podemos começar a miná-lo.

Para isso temos que ter um objetivo claro e começar a reivindicar uma pauta clara e objetiva. Há anos as nossas reivindicações tem sido educação, saúde, emprego, moradia e segurança. Nesse momento isso não é pauta, é utopia. Quando gritamos esses pilares estamos dizendo, queremos de volta o Estado, como regulador, mediador e facilitador das nossas vidas. Ponto.

Por outro lado, para atingirmos o pico da pirâmide - não para ocupá-lo e cometermos os mesmos erros, mas para quebrá-lo como mantenedor do sistema -, temos que começar a minar os extratos que nos separam, não afim de exterminá-los, mas colocá-los nos trilhos que viabilizam a nossa humanidade.

Sendo assim, creio que seja urgente como pautas a limitação privada dos prefeitos para obstruírem coisas de interesse público, com o dinheiro do Estado. Como vem praticando o prefeito do Rio de Janeiro. Em relação aos vereadores: fins das Gratificações, das Verbas de Gabinete, Verba indenizatória e auxílios paletó, plano de saúde privado e à educação privada para seus filhos.

Isso é sair de uma retórica de décadas para uma possibilidade concreta, viável que desperte nova mente para a verdade, hoje tão abalada: o poder emana do povo e para o povo.

*Adailton Medeiros é diretor do Polo Audiovisual Ponto Cine