Eugênio Cunha - Divulgação
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Por Eugênio Cunha*
Mais cedo ou mais tarde, todos estarão de volta às salas de aula. Sem riscos à saúde - esperamos -, mais cedo ou mais tarde, professores, alunos, gestores e famílias estarão diante de novos contextos educacionais. Se anteriormente já era um grande desafio tornar a nossa educação melhor do que os indicadores avaliativos mostravam, agora, além disso, será preciso verificar quais serão os primeiros passos para a superação dos prováveis prejuízos acadêmicos. As escolas já podem começar a discutir com as famílias projetos futuros, estreitando os laços, estabelecendo um espírito de colaboração pedagógica.

Porém, será preciso reconhecer que a educação remota possibilitou maior aproximação entre pais e mestres no desenvolvimento da aprendizagem de crianças e adolescentes. Assim, criou-se a oportunidade de se estabelecer novas maneiras de ensinar e de aprender. O formato tornou-se mais participativo, condicionando o sucesso ao engajamento de todos. Foi possível constatar que o modelo tradicional não dá mais conta das demandas atuais.

Professores reinventaram práticas anteriormente baseadas só nos conteúdos. O esforço hercúleo dos docentes revelou que é bem melhor ensinar por projetos, delineando objetivos e desenvolvendo competências. Em meio ao caos da pandemia, encontramos o uso de metodologias ativas em abordagens
inovadoras. Fato que qualifica o magistério. Não podemos retroceder.

O estudante é extremamente estimulado por meio de recursos que demandam a ação. Trata-se do envolvimento comportamental, psicológico e afetivo do aprendente. É uma estratégia de ensino que não visa apenas a obtenção de boas respostas, mas a construção de boas indagações, no exercício da criatividade. Estabelece-se, então, uma aprendizagem colaborativa. Uma forma de lecionar com base na atividade discente. Aprender pela interação, pela participação e cooperação.

A dinâmica do ensino ocorre pelo intercâmbio de conhecimentos gerados num espaço de trocas epistemológicas. Aprende-se ativamente, não somente por memorização, mas pela capacidade de envolvimento nos mecanismos de construção do conhecimento. No modelo ativo, o educador propõe desafios, sugere instrumentos e estabelece a cooperação. O educando procura soluções, refina as sugestões e desenvolve a autonomia. A aula colaborativa gira em torno do aluno e não do professor. O professor precisa buscar as alternativas para mobilizar sua turma, num movimento de afetos e interesses.

As gerações mais antigas da escola aprenderam exclusivamente por meio de métodos rígidos e previsíveis. Porém, para as novas gerações, existe uma rica e multiforme gama de escolhas, principalmente pelo uso das tecnologias digitais, possibilitando a construção de uma rede neuronal cada vez mais complexa; artefatos cognitivos que estimulam os processos de ensino e aprendizagem. São novos caminhos para a escola.
*Eugênio Cunha é Doutor em educação e professor