Luciana Novaes - Divulgação
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Por Luciana Novaes*
O dia 21 de setembro marca nacionalmente a luta das pessoas com deficiência por direito, respeito e dignidade. Desde 1982, vários movimentos sociais já utilizavam a data para levar essa reflexão a sociedade, mas somente em 2005, através da lei 11.133, houve a oficialização no calendário brasileiro. Nesse tempo celebramos algumas grandes conquistas, como foi em 2015 com a promulgação da Lei Brasileira de Inclusão
(LBI), igualmente conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Outro fator importante é a de que espaços públicos passaram a reconhecer como importante a luta das pessoas com deficiência. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor cartão postal da cidade, vai receber a iluminação verde. O mesmo acontece com a Câmara dos Vereadores. A cor da esperança e do renascimento, é símbolo da acessibilidade e por isso figura nesse dia de manifestações. Apesar de alguns avanços, é
preciso cobrar de fato uma transformação no modo em que tratamos a questão das pessoas com deficiência em nossa sociedade. Nos municípios brasileiros, onde a vida realmente acontece, muita coisa ainda está longe do ideal. Só em nossa capital, podemos elencar diversas dificuldades.

As escolas sequer têm a quantidade de mediadores e auxiliares necessários para o acompanhamento dos alunos com deficiência, que dirá a possibilidade de ofertar tecnologias inclusivas para ampliar as habilidades desses estudantes. Na saúde, o SUS não presta informação adequada e acessível, um bom exemplo é a falta de intérprete de libras nos hospitais, clínicas da família e outros postos de saúde. O direito ao transporte
e mobilidade continua negligenciado. São dificuldades constantes, que vão de coletivos não adaptados a estações de trem, aquaviárias e pontos de ônibus que desconsideram totalmente os problemas de mobilidade. Até mesmo em serviços de transporte privados é difícil encontrar um carro adaptado.

Temos muito o que desenvolver para garantir acesso à informação, à comunicação e à cultura. Filmes brasileiros que tenham legenda quando exibidos nos cinemas são raridades, poucos museus e casas culturais respeitam regras inclusivas. É escassa a ofertas de livros em braile nas bibliotecas e livrarias. Os fomentos do poder público ao desenvolvimento de tecnologias assistivas e sociais estão cada vez mais raros, e isso prejudica de forma absurda a acessibilidade digital. Dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) revelaram que 98% dos sites brasileiros não podem ser considerados acessíveis.

Acredito que esses problemas atravessam não só o Rio de Janeiro, como outros municípios do país. É preciso seguir lutando para superar esses desafios, por isso, setembro é um mês importante e histórico para as pessoas com deficiência que cotidianamente alertam a sociedade e o estado de que merecem viver de forma plena e feliz.
*Luciana Novaes é vereadora (PT)