Leonel Brizola Neto - Divulgação
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Por Leonel Brizola Neto*
Toda administração deixa uma marca. O que caracteriza uma gestão no Executivo são as obras que tragam melhorias para a população. Ao longo desses quatro anos à frente da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro qual o legado da gestão de Marcelo Crivella?

Na área da saúde sua obra foi a demissão de mais de 6000 profissionais e o seu fracasso no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Na educação, o total abandono das escolas e a insistência da volta às aulas em meio à batalha contra o vírus, que ainda não vencemos. Na cultura vimos o desmonte de vários programas e as manifestações artísticas são vistas como “diabólicas e destruidoras da moral e dos bons costumes”. No setor de transportes são mais de 100 linhas que deixaram de operar, sem contar o sucateamento dos ônibus. Em relação a malha urbana não se realizou nenhuma obra que melhorasse a mobilidade da população e minimizasse as terríveis consequências das enchentes.

É sempre importante acompanharmos o fio da história para lembrarmos de uma gestão absolutamente desastrada: nomeação do filho para a Casa Civil e convocação de funcionários da prefeitura para trabalhar na campanha eleitoral do herdeiro. Além de promover uma reunião no Palácio da Cidade, onde anunciou aos seus aliados, de que “era só falar com a Márcia”, para furar a fila das operações de catarata; a contratação de jagunços com dinheiro público para intimidar a imprensa e os cidadãos cariocas nas portas dos hospitais. E agora, a suspeita de beneficiar com propinas seus aliados políticos e empresários nos pagamentos da prefeitura.

Portanto, é inacreditável que a maioria dos vereadores tenham, mais uma vez, chancelado a incompetência do prefeito Crivella. Por 24 votos a 20 foi arquivado o pedido de abertura do processo de impeachment contra ele, na quinta-feira passada. O que causa perplexidade é o fato de alguns vereadores, que votaram a favor do prefeito Crivella, fazerem parte do Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro. E eles me denunciaram, e irão me julgar, por ter levantado cartazes, na referida sessão, denunciando o episódio que ficou conhecido como “Guardiões do Crivella”.

Gostaria de finalizar com uma reflexão dirigida aos cariocas. Ética é uma palavra de origem grega que baseia as regras de conduta na noção de bem e do mal. A minha conduta não foi contra a Câmara nem contra o povo da cidade do Rio de Janeiro. Sou contra as milícias e denunciá-las não é falta de ética.
O que estamos assistindo no Rio é a construção de um projeto de poder, onde a política ao invés de servir ao povo, está a serviço do crime, do autoritarismo, da intolerância, das fakes news e do ódio. A principal tarefa que nos é imposta, nesse momento, da nossa história é defender a continuidade da democracia e da civilização.

*Leonel Brizola Neto é vereador (PSOL-RJ) e presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro