Eliomar Coelho, engenheiro e deputado estadual do Psol, colunista do DIA
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Eliomar Coelho, engenheiro e deputado estadual do Psol, colunista do DIA Divulgação
Por Eliomar Coelho*
O debate sobre desafios da nossa economia não pode ser feito sem levar em conta as diversas regiões e suas vocações e aspectos culturais, ambientais, educacionais. É preciso que a gente, mesmo considerando a enorme complexidade da Região Metropolitana, consiga pensar o estado para além dela. E que não ache que aos outros municípios resta consumir ou ser afetado pelo que é pensado aqui.

Se a crise socioeconômica, ética e humana decorrente da pandemia acentuou a enorme desigualdade social e cultural em nosso estado, ao mesmo tempo gerou uma efervescência na área cultural. Depois de provocar uma enorme inquietação, angústia, sobre como ganhar a vida em uma área que depende de aglomeração, surgiram formas inovadoras de ação (estão aí as lives e a criação de conteúdos digitais) e o ressurgimento de fóruns, agora virtuais, discutindo os mais variados assuntos, e ações e leis emergenciais.

E é aqui que reafirmamos três desafios a serem enfrentados: o primeiro diz respeito à formação necessária na área diante da enorme informalização. Realidade que, muitas vezes, resulta da dificuldade de acesso às instituições de ensino, centralizadas. E que impacta diretamente na própria capacidade das gestões municipais no setor cultural, obrigadas em diversas ocasiões a improvisar, seja importando gestores, seja não atendendo às necessidades do setor cultural.

O segundo desafio surge na tensão entre a inovação e a criatividade — características vitais do setor cultural versus a falta de estrutura local para o setor. Seja pelo que disse antes, formação/informalização, mas também pela ausência de apoios privados e aqui também a falta de estudos e dados da área cultural nas regiões não contribui em nada.

Isso resulta no terceiro desafio, que é exatamente a necessidade de pensar em desenvolvimento territorial a partir das vocações e talentos locais versus a já citada ausência de institucionalidade municipal para a cultura, de pesquisas que amparem políticas públicas ou privadas, de estrutura (equipamentos culturais, entre outros) e de incentivos e fomento ao setor.

Ainda no estado, sempre tenho falado disso e é uma cobrança de agentes e gestores culturais das regiões, da importância da expansão para o interior, de três instituições públicas estaduais de ensino de artes, a Escola Técnica Estadual Martins Penna — de Teatro, a Escola de Música Villa-Lobos e a Escola de Dança Maria Olenewa.

Deixo aqui esta reflexão por considerar que a saída da crise virá da Cultura. E que precisamos, juntos, enfrentar essas questões. Por isso, propus aos reitores de nossas universidades e pesquisadores debater essas questões tão importantes para a cultura de nosso estado em um fórum específico sobre Cultura e Desenvolvimento do Rio de Janeiro. Um debate plural, aberto, contando com a participação de agentes e gestores culturais das dez regiões do estado do Rio de Janeiro.

*Eliomar Coelho é deputado estadual pelo PSOL e presidente da Comissão de Cultura da Alerj