Não é de agora que esse estado sofre de um grande fisiologismo político, ausência quase completa de uma linha de defesa dos interesses regionais e falta de consenso sobre uma estrutura de Estado indutora do desenvolvimento. Isso se agrava por um “federalismo de confronto”, no qual o governo federal deixa os governos subnacionais sem condições de financiamento e coordenação operacional satisfatórias. Num quadro emergencial, essa omissão aumenta em muito o risco de serem os governadores e os prefeitos sentenciados culpados, em particular se há um histórico de máquina pública local ainda desestruturada.
Tão somente a condenação política de um governante não ataca a raiz dessa questão, sendo uma
saída de ocasião para as coalizões dentro da própria classe política. Uma solução estrutural significa
conquistar amplo apoio social à modernização organizacional e fortalecimento de técnicas de
planejamento para a estrutura de Estado, superando o discurso que acredita que menos Estado e
mais sacrifícios ao serviço público são remédios necessários. E, diante disso, soma-se a necessidade
de introduzir uma visão estratégica a essa máquina para disputar protagonismo no cenário nacional.
Portanto, uma solução efetiva depende de um duplo desafio: fortalecimento do papel dos gestores
públicos estaduais e do sistema regional de ciência e tecnologia, aproximando suas linguagens e
formas de atuação como um movimento de instituições articuladas pela maior consciência dos
desafios estratégicos para a região.
Não há possibilidade de superação do quadro atual por tentativas de agendas de recuperação soltas, anunciadas por consultores avulsos ou mera reunião de especialistas acadêmicos sem
institucionalidades a frente disso sendo consolidadas e integradas. Isso significa estimular pontes institucionais, no qual centros produtores de conhecimento no Rio de Janeiro, como a UERJ, assumam juntos e de forma cada vez mais objetiva sua missão de polos de desenvolvimento estadual junto a uma variedade de políticas públicas tocadas pela administração direta.
Só assim, agindo em rede como uma institucionalidade sistêmica, redescobriremos o papel do Estado e não o deixaremos mais subordinado à lógica de interesses particulares e que o encaram como um negócio.