Sérgio Simka - Divulgação
Sérgio SimkaDivulgação
Por Sérgio Simka*
Em 29 de outubro comemora-se o Dia Nacional do Livro. Legal, não é mesmo? Mas há o que se comemorar, em se tratando de um país que dá mais valor a coisas fúteis? Que coisas fúteis? Um exemplo: é só ligar a TV. Aliás, é só ficar na frente do aparelho, para se perceber a montanha de bobagens que quem assiste tem a sua disposição. Tão natural esse monte de asneiras que parece que a pessoa se acostumou, se anestesiou, se alienando cada vez mais em uma atmosfera de comodismo, de tranquilidade enfermiça, contagiosa, condescendente com o marasmo existencial da criatura. Não vou nem citar os programas que passam, por exemplo, aos sábados e domingos, para não dizerem que sou retrógrado ou coisa que o valha.

E aonde desejo chegar com essas linhas? Em vez de as pessoas ficarem perdendo tempo assistindo TV, ou navegando nas redes sociais, ou falando mal da vida dos outros, ou assistindo filmes de conteúdo proibido para crianças, ou... etc., elas deveriam se abastecer com a leitura de bons livros. Os mais desagradáveis vão logo dizer que o preço não permite etc. e tal, as mesmas desculpas de sempre. Há sebos, há bibliotecas, há espaços de trocas de livros. O que há são desculpas para não ler. Tudo bem, em período de pandemia, segundo pesquisas, a leitura aumentou. Mas esse índice deveria permanecer ao longo dos anos, pós-covid-19, porque o que a sociedade necessita urgentemente é de pessoas que dispensem ao livro, à leitura, o
mesmo interesse de uma partida de futebol, de um passeio à praia, ao shopping.

Pois, definitivamente, a leitura enriquece o conhecimento, o vocabulário, permite o desabrochar de uma consciência crítica, desenvolve a argumentação, ajuda a escrever melhor, a organizar o raciocínio, a ter opiniões próprias e saber defendê-las quando necessário, a entender as entrelinhas, ou seja, aquilo que não se disse explicitamente, mas está “oculto”. Enfim, a pessoa deixa de ser massa de manobra e passa a se constituir em um ser humano com autonomia. Quem lê aprende a ser senhor de seu próprio destino. E não é isso que desejamos a todos? A nossos filhos? O livro precisa fazer parte da cesta básica da existência de cada um de nós, desde a mais tenra idade, para que a criatura vá se acostumando com esse objeto, que
faz a nossa imaginação transcender, faz a nossa alma ficar mais serena, pois a leitura, inegavelmente, tem esse poder de trazer para a vida sonhos que podem ser sonhados e, por que não, realizados.
*Sérgio Simka é mestre e doutor em Língua Portuguesa