Marcos Ribeiro odia opinião - divulgação
Marcos Ribeiro odia opiniãodivulgação
Por Marcos Ribeiro*
“Isso é coisa de menino!”; “engole o choro”; “se der mole... passa o rodo!” ou o “Brasil tem que deixar de ser um ‘país de maricas”. Destas formas e de tantas outras, a Educação dos meninos vai sendo construída baseada numa masculinidade tóxica, com homens que reproduzem estereótipos de virilidade e dureza, como o fato de ser homem não pudesse ter demonstrações de afeto.
Não é um exagero pensar que a base da violência de gênero está na Educação sexista, não igualitária, que reforça a ideia de que o homem é superior à mulher e tem o poder sobre a mesma, como se fosse o seu dono. Se é de pequeno que se torce o pepino, como reprimenda aos atos reprováveis, é também na Educação das crianças que as educamos para a igualdade de direitos, respeito às mulheres e as diferenças, ao combate ao racismo e a todas as formas de preconceito.
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Num país onde é crescente casos de mulheres vítimas de feminicídio, torna-se fundamental a inclusão da Educação sexual, que traz essa discussão, no currículo escolar para crianças e adolescentes. Nos EUA, aulas a respeito das questões positivas da masculinidade diminuem índices de violência contra a mulher, com os garotos tendo uma melhor percepção sobre os problemas do uso da correção e violência nas relações.
Em 2020 o governo britânico tornou obrigatória a discussão sobre “relação abusiva” e “coercitiva” com a inclusão da “Educação sobre relacionamento”, em todo o currículo escolar. Esta preocupação justifica-se na medida que o “controle coercitivo” do outro muitas vezes não é tão visível quanto a agressão física, mas tão danosa quanto e tal comportamento já pode ser visto nas escolas. Sendo um espaço que recebe alunos de
diferentes origens, nada mais indicado que a abordagem deste tema na escola.
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No Brasil ainda não caminhamos nesta direção. Mas precisamos começar o diálogo pela igualdade de direitos e cultura pela paz, como contempla a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), através da inclusão da Lei 13.663 de 2018, em seu inciso X, que “estabelece ações destinadas a promover a cultura pela paz nas escolas”. Quem sabe não chegou a hora!
*É pedagogo e autor do livro “Educação em Sexualidade”