Alfredo E. Schwartz, presidente da AeerjDivulgação

Mais um fim de ano se aproxima no Rio de Janeiro e a mais do que conhecida estação das chuvas chega novamente. Como de costume também as obras preventivas efetuadas nas encostas, em vista dos poucos recursos destinados para GeoRio, são parciais e paliativas. O lixo e o esgoto se acumulam nas encostas e nas margens dos cursos d'água, sendo um dos trechos mais afetados por desmoronamentos o costão da Avenida Niemeyer.

Neste artigo, transcrevo trechos de um parecer detalhado sobre as possibilidades de melhoria da avenida, feito a meu pedido pelos engenheiros Francis Bogossian e Guilherme Isidro Pereira, especializados em mecânica dos solos.

A avenida Niemeyer, pela sua história, cenário de beleza natural e importância em termos de sistema viário, merece uma atenção especial por parte dos governantes municipais no sentido de planejar sua utilização para o futuro buscando atender aos requisitos básicos abaixo: segurança máxima para os veículos que por ela trafegam e respectivos passageiros; serviços de manutenção permanente ao longo de toda a extensão da via com obras preventivas de estabilização e drenagem na encosta; manutenção do visual extraordinário e único que a avenida proporciona a quem por ela transita; preservação do meio ambiente impedindo desmatamentos e o crescimento urbano descontrolado.  Eventuais obras de ampliação da avenida, necessárias para comportar o número cada vez maior de veículos, devem obrigatoriamente levar em consideração os aspectos mencionados.
A duplicação da avenida através da construção de outra pista, possibilidade já aventada no passado, deve ser rigorosamente avaliada tanto nos aspectos ambientais como nos riscos de engenharia envolvidos. Uma obra construída em condições tão adversas, praticamente sobre o mar, requer um projeto muito bem estudado em todas as especialidades da Engenharia, além de uma manutenção futura extremamente competente face à agressividade do meio para as estruturas.
Outra alternativa de menor impacto ambiental, mas de grande interferência na ordem urbana, seria um túnel ligando os bairros do Leblon a São Conrado. Esta possibilidade deve passar por rigorosos estudos geológicos e ter um plano de investigações geológico-geotécnicas robusto e capaz de subsidiar o desenvolvimento de um projeto. Também seria uma possibilidade fazer a duplicação sobre a pista existente, assim como ocorre no Joá.
A duplicação da avenida a montante da existente, ou seja, cortando a encosta, seria inviável sob o aspecto técnico-econômico e humanitário. Além do forte impacto ambiental provocado pelo desmonte do terreno, predominantemente rochoso, haveria a necessidade de promover obras de estabilização de grande porte. Entre os aspectos técnicos a serem enfrentados, certamente a interdição da via seria necessária durante a fase de execução da obra com todos os transtornos decorrentes.
Alfredo Schwartz, presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio em parceria com Francis Bogossian, presidente do conselho consultivo da AEERJ, presidente da ANE e do IBEP e Guilherme Isidoro Pereira, Clube de Engenharia/ ABMS