Eugênio Reis Astrônomo, vice-coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e pesquisador colaborador do MCTI.Divulgação

A um ano da Copa do Mundo no Catar, o desempenho dos nossos jogadores de futebol ainda é motivo de muitas críticas e incertezas. Na contramão disso, uma outra seleção tupiniquim está batendo um bolão e recordes em 2021: a de Astronomia. Apesar de ainda termos muito a caminhar para abraçarmos todos os nossos jovens, de Norte a Sul, a cada ano conquistamos resultados cada vez mais expressivos em olimpíadas científicas internacionais. Ouso afirmar que já somos uma potência científica. Mas pouco se fala dos nossos "campeões do saber", e o desempenho de nossos alunos em 2021 foi o maior da história.

Este ano, todos os estudantes brasileiros que participaram das competições foram medalhistas. Na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), todos os nossos heróis da Astronomia chegaram ao ponto mais alto do pódio pela primeira vez numa mesma edição, faturando nada mais, nada menos do que cinco medalhas de ouro. Enquanto que, na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês), o que seria a “Copa do Mundo da Astronomia”, a seleção brasileira conquistou o inédito ouro, chegando ao total de duas medalhas douradas, quatro de prata e quatro de bronze.

Esses resultados corroboram que as iniciativas científicas são as principais ferramentas de que dispomos no país para estimular nossos jovens a estudar mais e melhor. Colaboram para a melhoria do processo educacional, estimulando a capacitação e a atualização de professores e ainda favorecem a identificação de alunos talentosos.
O país tem hoje aproximadamente 50 milhões de alunos, dois milhões de professores e 180 mil escolas. Entretanto, ao contrário do futebol, as olimpíadas de conhecimento, extremamente efetivas quando comparamos o seu alcance com o seu custo, ainda carece de mais investimentos. Para além do apoio importante dado pelo MEC e pelo MCTI, parlamentares podem seguir o exemplo da deputada federal Tabata Amaral, que já foi medalhista nacional e internacional de Astronomia, e destinou recentemente parte de suas emendas parlamentares à Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e à Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP).
As empresas também podem colaborar e se beneficiar desse apoio, com programas de parcerias para a retenção e desenvolvimento de talentos desde a base. Somente por meio de um trabalho em conjunto poderemos melhorar todas as cadeias do processo educacional das redes públicas e privadas em todo o território nacional, e assim construirmos um futuro melhor para os nossos jovens.

Se, mesmo com pouco investimento, conseguimos resultados tão promissores, imagine o quão longe poderemos levar nossos estudantes com mais recursos? Quantas vidas poderão ser transformadas?

Eugênio Reis é astrônomo, vice-coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e pesquisador colaborador do MCTI.