Por tabata.uchoa

Rio - O fim de semana seria de festa pelo Dia das Mães, mas foi de tristeza de dor para 11 famílias do Rio de Janeiro. Só no sábado e no domingo, a violência matou seis pessoas e feriu outras seis. 

Atualização: Esta reportagem foi fechada antes do anúncio da morte de mais um policial militar no Complexo do Alemão. Clique aqui para ler sobre o caso

Houve tiroteios em várias regiões da cidade. No Complexo do Alemão, um confronto entre policiais e traficantes na região conhecida por Beco do Galinheiro provocou a morte de Eliane Cristina, de 35 anos, na noite de sábado. Elaine deixou três filhos e a sensação de impotência na comunidade que vive em uma guerra sem fim.

Mãe e padrasto da jovem Ana Beatriz Frade estavam inconsoláveis no enterro da adolescente, no início da tarde de domingo, em PetrópolisEstefan Radovicz / Agência O Dia

De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), um policial foi ferido de raspão. Várias equipes das UPPs no Complexo do Alemão, após a morte de Elaine Cristina, passaram a sofrer ataques simultâneos e houve confronto em diversos pontos da comunidade na noite de sábado.

Na Avenida Brasil, na altura de Manguinhos, quatro pessoas foram baleadas após outro confronto entre policiais e criminosos também na noite de sábado. Um dos bandidos morreu, outro ficou ferido e outras duas pessoas, um motorista e um pedestre que passavam pelo local, foram atingidos pelos disparos.

O motorista ferido é Anderson Souza Gomes, 33 anos, que estava no carro com a mulher Fabrícia Barroso e o filho de 1 ano quando a troca de tiros ocorreu. Ele foi operado no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e seu quadro de saúde é estável.

De acordo com a Polícia Militar, quatro suspeitos vinham da Ponte Rio-Niterói em um táxi e foram abordados por policiais na altura do Caju. Eles furaram o bloqueio dando início a uma perseguição e ao tiroteio. Os criminosos seguiram até a Fiocruz, em Manguinhos, onde abandonaram o carro.

O táxi onde estavam os bandidos acabou metralhado pela políciaDivulgação

Três bandidos conseguiram fugir, mas foram presos dentro da Fiocruz. Ao ouvir os detidos, os PMs descobriram que o trio deixou a favela Nova Brasília, em Niterói, para participar de uma tentativa de invasão da favela do Chaves, em Barros Filho, na Zona Norte do Rio. Foram apreendidos com os criminosos duas pistolas, dois fuzis e uma granada.

Na manhã de ontem, policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) encontraram os corpos de Wesley Oliveira Passos e Eric Figueiredo Pimentel de Souza, ambos de 23 anos, na comunidade Jorge Turco. De acordo com os policiais, as mortes foram resultado de uma tentativa de invasão da comunidade por uma facção do tráfico rival a que domina a região. Houve intenso tiroteio na madrugada.

Família de jovem está inconsolável

Com as mãos tremulas e sem deixar o caixão da filha por um só segundo, a mãe de Ana Beatriz Frade, de 17 anos, morta no sábado durante um arrastão em Del Castilho, despediu-se da jovem ontem pela última vez, no cemitério Municipal de Petrópolis. Roberta Pereira chorou e acariciou o rosto da filha durante todo o velório.

O pai de Ana, Flávio Frade, professor de engenharia na Universidade Católica de Petrópolis, segurava um quadro com a foto da filha e não quis comentar sobre o caso. O padrasto, que dirigia o carro no momento do arrastão, no sábado, também estava inconsolável.

No dia 4, através das redes sociais, Ana comemorou com os amigos a compra da passagem para o Rio: “Já comprei presente da mamis... passagem pro Rio”, escreveu a jovem.

Amiga da família, Cláudia Regina Moraes Filgueiras contou que a família está em estado de choque. “É muito sofrimento. A mãe está em desespero. O pai está inconsolável. Ela era uma menina doce, simpática, filha única do Flávio. A mãe está dopada, ainda mais por enterrar a própria filha no Dia das Mães”, contou.

Cerca de 200 pessoas acompanharam o cortejo e aplaudiram a menina assim que ela foi sepultada.
Ana Beatriz tinha o sonho de estudar medicina. “Ela estava com os avós no Espírito Santo e iria buscar a mãe no aeroporto. Seria uma surpresa”, contou.

Pai morre e filho é baleado durante discussão em forró na Zona Oeste

O fim de semana violento teve um capítulo trágico também na comunidade da Carobinha, na Zona Oeste do Rio, após um sábado de forró que deveria ter sido de celebração.

O criador de cavalos André Viana, de 59 anos, e seu filho Anderson Costa, de 26, foram baleados durante uma discussão no bar onde estava sendo realizado o forró.

André Viana foi atingido com um tiro na cabeça e morreu antes de chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Mendanha. Seu filho Anderson também levou um tiro na cabeça, mas chegou com vida ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo.

Ele foi transferido ontem para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde deverá passar por uma cirurgia. A bala perfurou sua língua e está alojada próximo à coluna cervical.

Segundo um parente das vítimas, André e Anderson estavam se divertindo quando começou uma discussão entre dois outros frequentadores do bar. André tentou apartar a briga, mas foi empurrado por um dos homens.

Anderson tentou intervir para defender o pai e começou a discutir com o agressor, que sacou uma arma e efetuou os disparos. André tentou proteger o filho e acabou baleado no rosto.

A Polícia Civil já ouviu o homem que socorreu as duas vítimas e Carla Costa, mulher de Anderson, que também presenciou o crime.

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