Por gabriela.mattos

Rio - O juiz Daniel Werneck Cotta, da 2ª Vara Criminal da Capital, realizou nesta segunda-feira, a terceira audiência de instrução e julgamento sobre a morte de cinco jovens na comunidade da Lagartixa, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte, em novembro do ano passado. Os policiais militares Antonio Carlos Gonçalves Filho, Fabio Pizza Oliveira da Silva, Thiago Resende Viana Barbosa e Marcio Darcy Alves dos Santos, acusados de atirar mais de 100 vezes contra o Palio branco onde os rapazes estavam, na Estrada João Paulo, foram interrogados.

De acordo com o Tribunal de Justiça, todos negaram a autoria do crime e disseram ter efetuado disparos somente na direção de uma passarela e de um buraco localizado embaixo da estrutura, de onde bandidos atiravam contra os PMs. Os agentes também afirmaram em depoimento que no local do tiroteio havia dois homens armados em uma motocicleta e uma van, além do Palio, em que um homem foi visto empunhando uma pistola com o corpo debruçado para fora da janela do carona.

Jovens foram fuzilados dentro de carro. Veículo tem mais de 20 marcas de tirosMarina Brandão / Agência O DIA

Após o confronto, um dos PMs relatou ter recolhido a arma do chão, caída a alguns metros do veículo. Segundo os autos processuais, os policiais militares envolvidos na morte dos jovens teriam ido checar uma denúncia de roubo de carga de bebidas na região quando o confronto teve início.

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Na audiência também foram ouvidas quatro testemunhas de defesa: um capitão da Polícia Militar que comandava a equipe de operações do 41° BPM (Irajá) à época dos fatos; um comerciante que passava pelo local no momento do tiroteio; um motorista que compartilhou uma postagem nas redes sociais após conhecer o pai de uma das vítimas e o presidente da Associação de Moradores de Marechal Hermes, que reside próximo à casa da família de um dos acusados.

Os quatro réus foram soltos após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que concedeu habeas corpus aos PMs. Ao final da audiência, o Ministério Público e a assistência de acusação pediram ao juízo da 2ª Vara Criminal da Capital novamente a prisão dos agentes públicos. A defesa tem 10 dias corridos para se manifestar acerca do requerimento de prisão e solicitar eventuais diligências. Após este prazo, os autos seguirão para análise do juiz.

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