Por tabata.uchoa

Rio - Parceiro fiel do governo do Estado do Rio nos últimos sete anos, o prefeito Eduardo Paes mudou da água para o vinho e, há uma semana, adotou a postura de crítico contumaz da administração fluminense. Imbuído com um discurso de oposição, o peemedebista Paes luta para descolar a imagem da prefeitura carioca do governo de Luiz Fernando Pezão, hoje comandado pelo interino Francisco Dornelles. 

Não à toa o prefeito “descobriu” que o governo do Rio não tem “o mínimo de comando”, necessita de “vergonha na cara” e faz um “trabalho terrível” na segurança pública. “Foi um desabafo. Essas críticas já estão superadas”, minimiza Moreira Franco, braço-direito do presidente em exercício, Michel Temer, e um dos expoentes do PMDB fluminense. “O ambiente agora é de colaboração”, sentencia o ex-governador do Rio.

Clique na imagem para ler as frases de Eduardo PaesAgência O Dia

Moreira não abre o jogo. Mas por trás das críticas de Paes, há um bem traçado plano de estratégia eleitoral para tentar turbinar a candidatura de Pedro Paulo Carvalho à prefeitura do Rio. “Ele (Paes) e o Pedro Paulo querem ficar bem longe do colapso do governo estadual. E eles vão tentar dizer que o fracasso do governo do Estado é de outro PMDB, que não o deles”, resume o cientista político Ricardo Ismael, da PUC do Rio.

Para ele, as eleições de 2 de outubro no Rio têm um cenário bastante indefinido e com percalços no caminho de todos os candidatos à sucessão de Paes. “Vai ser uma eleição muito difícil de se saber o desfecho. As incongruências são muito grandes”, observa o cientista político.

A três meses das eleições municipais e a 26 dias da abertura da Olimpíada, o apadrinhado de Paes patina nas pesquisas de intenção de voto. Os Jogos, aliás, são a principal aposta para o crescimento da candidatura de Pedro Paulo.

“O volume de realizações feitas na cidade do Rio de Janeiro é muito grande. As vias, as estradas, os túneis, o VLT são parte não apenas de um plano de mobilidade, mas também de integração social. E a população vai perceber o esforço que a prefeitura fez para alcançar esses objetivos”, diz Moreira Franco.
O sucesso da Olimpíada também servirá a interesses não apenas de Pedro Paulo mas também de Eduardo Paes, que agora tem planos de lançar sua candidatura ao governo do Rio, em 2018.

Paes e o PMDB fluminense sonhavam com voos mais altos, com a candidatura do prefeito à Presidência da República daqui a dois anos. Mas não trabalham mais com essa hipótese. Motivo: além da mudança do cenário nacional após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, pesam também as dificuldades enfrentadas pelo PMDB do Rio e o desgaste do próprio prefeito.

As pedras no caminho de Eduardo Paes

Nos últimos meses, o prefeito Eduardo Paes sofreu uma série de desgastes. Um deles foi a queda de trecho da ciclovia recém-inaugurada na Avenida Niemeyer, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, matando duas pessoas. Outro foi a divulgação de conversa com o ex-presidente Lula, gravada pela Operação Lava Jato. No diálogo, Paes presta solidariedade ao petista e classifica como uma “palhaçada” a condução coercitiva de Lula, pela Polícia Federal, para prestar depoimento. Na mesma conversa, Paes chama Maricá, município da Região Metropolitana do Rio, de “uma merda de lugar”.

Outro percalço no caminha de Paes é a denúncia de propina no Porto Maravilha, que prevê a revitalização da zona portuária do Rio. como principal vitrine de sua gestão.O projeto, que passou a frequentar o noticiário policial da Lava Jato, envolve o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aliado do prefeito até pouco tempo atrás. Cunha, aliás, só se referia a Paes como seu próximo candidato à Presidência da República, em 2018.

Um penca de candidatos a prefeito

Além do peemedebista Pedro Paulo Carvalho, pelo menos mais oito pré-candidatos pretendem disputar a prefeitura do Rio nas eleições de 2 de outubro. O nome da maioria deles deverá ser confirmado nas convenções partidárias que irão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto.

Umas das maiores incógnitas é em relação ao senador Romário, do PSB, que lançou sua pré-candidatura há três semanas. Mas depois de negociar apoio ao também senador Marcelo Crivella (PRB), o jogador agora está negociando a adesão à candidatura do neotucano Carlos Osório. 

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