Por gabriela.mattos

Rio - Quatro pessoas foram presas e outras três continuam foragidas depois de uma investigação da delegacia Fazendária da Polícia Civil (Delfaz) sobre fraudes na emissão de documentos do Detran-RJ.A ação foi realizada, nesta sexta-feira, em Araruama, São Pedro D'Aldeia, São Gonçalo, Itaboraí, Iguaba e Barra da Tijuca. Mais 200 carros foram emplacados por essa gangue que atuava em todo estado. Os prejuízos podem chegar a R$ 2 milhões.

Na ação, foram cumpridos sete mandados de prisão contra as quatro pessoas relacionadas abaixo: A ex-funcionária do Detran, Gessica Oliveira Leite, foi presa em sua residência, em Araruama. O licenciador do Detran, Leandro Santos Faria, foi preso no Detran da Barra da Tijuca. Washington Luís de Oliveira foi preso em sua casa, localizada em Rio Bonito.Também, foi cumprido mandado de prisão contra Leonardo Abreu Sanches, que já estava preso.

Desde 2013, criminosos de diversas áreas do estado montaram um esquema novo para faturar dinheiro. O crime ardiloso era bem arquitetado e envolvia apenas caminhonetes de luxo. O grupo obtinha os veículos, roubados ou furtados, refazia o chassi com uma outra numeração de carros que já tinham sido exportados e depois, vendiam para terceiros.

Percebendo o aumento no número de vistoria para emissão de documentos em certos postos de fiscalização do Detran, o órgão procurou a especializada para investigar os casos que envolvem os anos de 2013 e 2014.

De acordo com a delegada titular da Delfaz, Renata Araújo, a gangue agia munida de documentações falsas como: comprovante de residência, identidade, CPF e notas fiscais dos veículos. Os funcionários do Detran conferiam a documentação e, mesmo assim, emitiam os documentos originais dos automóveis.

"A certificadora (funcionário que emite o documento do Detran) tem o dever de conferir a chave de acesso da notas fiscais. Todas eram falsas e, mesmo assim, mais de 20 documentos foram emitidos", explica

Um dos funcionários do Detran envolvidos nesse esquema é Leandro Santos Faria, preso na manhã de hoje quando fazia um curso do órgão no posto da Barra da Tijuca. Somente Leandro emitiu mais de 20 documentos.

"O crime é inserir dados falsos no sistema de informação do Detran. Essa pena varia de dois a 12 anos de reclusão", como conta a delegada titular da Delfaz, Renata Araújo, que garante que sete pessoas ainda vão responder pelo crime.

Como os carros furtados ou roubados se tornavam legais, o comprador checava o veículo no site do Detran e a documentação parecia estar sem problemas já que houve alteração no chassi. Por isso, a delegada faz um alerta para pessoas que compraram carros de terceiros durante esse período.

"Aconselhamos para as pessoas procurarem a delegacia para que se possa fazer uma perícia pela polícia. Além de ajudar na investigação, evita problemas futuros, como por exemplo o carro ser identificado por uma blitz como procurado", ressalta.

Lesão também para as seguradoras

Outro crime praticado era com as seguradoras de veículos. O grupo emitia uma documentação do carro sem, ao menos, o veículo existir. Com documentos falsos, o licenciador emitia uma laudo fictício e por sua vez, o Detran também emitia o documento sem o carro estar na vistoria.

Com os documentos em mãos, o grupo assegurava o carro e depois de um tempo faziam o registro na delegacia alegando furto o roubo e em seguida, acionavam o seguro pedindo indenização.

Conforme o avanço das investigações, os criminosos mudavam de postos. Nessa primeira fase da investigação foram presos além de Leandro, a ex-funcionária do Detran de Araruama Jéssica Oliveira Leite, Leonardo de Abreu Sanches e Washington Luis de Oliveira, esses responsáveis pela revenda das caminhonetes. Três pessoas estão desaparecidas.

Reportagem da estagiária Julianna Prado

Você pode gostar