Por gabriela.mattos

Rio - O Ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil tem, no sistema de dados, cerca de 500 mil pessoas identificadas como envolvidas ou suspeitas de ter qualquer relação com o terrorismo. Essa lista foi feita a partir de informações de órgãos de inteligência nacionais e internacionais. Ele destacou, ainda, a presença de aproximadamente 10 mil 'spotters', ou seja, espiões da Força Nacional de Segurança, do Exército e da Polícia Federal, que ficarão disfarçados nas arenas.

Jungmann veio ao Rio no voo inaugural do Boeing 767, alugado pela Força Aérea Brasileira para ampliar a capacidade de transporte estratégico. No mesmo voo, vieram mais de 200 militares da FAB e da Marinha do Brasil, oriundos de batalhões de Manaus, Belém e Brasília. Na pista do Aeroporto Internacional Tom Jobim, um avião e um helicóptero de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) foram expostos.

Em voo da FAB%2C que saiu de Brasilia%2C o ministro da Defesa%2C Raul Jungmann%2C acompanha 200 militares que vão compor as forças de segurança durante os Jogos Agência Brasil

O avião tem capacidade para transportar oito vítimas desse tipo de ataque, tendo como foco incidentes ocorridos fora da cidade – caso haja um ataque durante um jogo de futebol fora do Rio, por exemplo, a aeronave traria as vítimas para os hospitais de referência da cidade. O helicóptero, por sua vez, tem capacidade para duas pessoas, e serve para atuar na própria cidade.

Atentado na França faz Rio 2016 rever segurança

"A população terá que substituir um pouco de conforto por segurança”. Assim o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, afirmou nesta sexta-feira, em Brasília, que o planejamento de segurança da Rio 2016 será revisto. A medida foi tomada após o atentado em Nice, na França, que matou pelo menos 84 pessoas e deixou 202 feridas.

França: Estado Islâmico reivindica autoria de ataque em Nice

Entre as medidas de segurança está a criação de mais barreiras no entorno das áreas de competição e das vias expressas, como as Linhas Amarela e Vermelha, além da Transolímpica — caminho dos deslocamentos das delegações. Segundo o militar, haverá “mais postos de controle, mais barreiras, algumas restrições de trânsito”. Com o atentado, a preocupação com o evento esportivo no Rio “subiu de patamar”, disse.

O DIA apurou que, além do aumento dos cercos, uma das medidas debatidas é a mudança do local da Pira Olímpica. A questão foi levantada em uma reunião na sede da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A pedido da Prefeitura do Rio, a chama deveria ficar na recém revitalizada Praça Mauá, um local aberto.

Nesta sexta%2C 200 homens da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Marinha chegaram ao Rio no voo inaugural do Boeing alugado para ampliar a capacidade de transporte de tropasSandro Vox / Agência O Dia

Durante os Jogos, a Praça Mauá e a Zona Portuária serão transformados em um “boulevard olímpico”, com a instalação de palcos para shows e telões para exibir as competições. Essa será a segunda vez que a pira ficará fora de um estádio olímpico — a outra ocorreu nos Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014 . Agentes disseram à reportagem que seria melhor o símbolo ficar dentro do Maracanã ou do Estádio do Engenhão. Procurada, a Rio 2016 não se manifestou a respeito.

Ainda em Brasília, o ministro afirmou que oficiais da Abin irão à França “para buscar no terreno as lições aprendidas desta tragédia”.

No Rio, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, também falou sobre a criação de mais barreiras para a revista do público. Ele adiantou que haverá reforço nos três níveis para se chegar aos locais de competição: identificação, checagem a um banco de dados internacional com cadastro de suspeitos de terrorismo e scanner. O professor de Negociação e Resolução de Conflitos da FGV, Yann Duzert, aprova o reforço na segurança. “É preciso reforçar a segurança nas arenas e em espaços públicos para evitar ataques, inclusive de lobos solitários. De toda forma, como também houve outro atentado há duas semanas nos EUA, pode ser que turistas se amedrontem e deixem de vir aos Jogos”, disse.

O prefeito Eduardo Paes afirmou, em entrevista ao RJTV, que a população do Rio deve estar preparada para “contingências” na área de segurança. “Provavelmente, as forças de segurança vão demandar da gente mais bloqueios, mais transtornos”.

Simulado de segurança fecha várias ruas neste domingo

Cerca de 2 mil agentes das forças de segurança federais, estaduais e municipais estarão nas ruas amanhã para o 3º Simulado das Operações de Segurança da cerimônia de abertura dos Jogos. A ação ocorrerá na Barra, Zona Sul, Centro e Maracanã.

No entorno do Maracanã, serão interditadas ruas para o teste nas rotas de chegada e partida de ônibus ao estádio para o evento inaugural. As imediações do Palácio do Itamaraty, no Centro, também serão interditadas. Os bloqueios para a simulação dos dois locais começam às 6h e terminam ao meio-dia. No Maracanã, a Avenida Radial Oeste ficará fechada nos dois sentidos. Próximo ao Palácio do Itamaraty, as interdições abrangem a Avenida Marechal Floriano e a pista lateral da Presidente Vargas, entre Rio Branco e Visconde da Gávea, sentido Praça da Bandeira.

De amanhã a 21 de julho, haverá treinamentos com tropas e helicópteros na cidade para a preparação das ações de Defesa e Segurança dos Jogos, com deslocamento de militares pelas vias e aumento do fluxo aéreo. 

Nesta sexta-feira, também começou a ser vendido o bilhete RioCard Rio 2016, que permitirá viagens múltiplas nos transportes públicos do Rio por um dia (R$ 25), três dias (R$ 70) ou sete dias (R$ 160). O transporte público será o principal acesso aos locais de competições. As máquinas de venda estão em estações de metrô, BRT e agências RioCard.

?Com reportagem de Marlos Bittencourt e colaborou o estagiário Caio Sartori

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