Por felipe.martins

Rio - A Polícia Civil vai investigar se milicianos participaram do ataque a dez carros em cinco ruas da Tijuca, na Zona Norte do Rio, entre a noite de segunda-feira e a madrugada de ontem —nove deles foram incendiados. Testemunhas relataram à polícia que quatro homens — dois numa moto e outros dois num carro — arremessaram coquetéis Molotov sobre os veículos. A Polícia Militar não soube informar o motivo da ação, que ocorreu próximo dos morros do Borel e Formiga. Ninguém se feriu.

“Não descarto essa hipótese de milícia. É mais uma linha de investigação, mas não podemos afirmar nada. Recebemos informações de que uma carta em que era oferecida segurança foi distribuída no bairro, mas não dá para dizer se tem envolvimento com esse ato de vandalismo”, disse o delegado Celso Castello Ribeiro, da 19ª DP (Tijuca).

Clique sobre a imagem para visualizar o mapa dos ataques na TijucaArte O Dia

A ação ocorreu nas ruas 18 de Outubro, Guajaratuba, Mário de Alencar e João Alfredo. Já na Rua Engenheiro Cavalcanti, esquina com Rua Conde de Bonfim, um homem apareceu num vídeo tentando incendiar um Doblô prata. Um morador filmou com o celular o suspeito se abaixando próximo ao veículo. Ele estaria tentando fazer uma fogueira debaixo do carro. Ao ver as labaredas subirem, o homem deixou o local e os donos do carro apagaram o fogo.

Dono do Corsa preto incendiado na Rua João Alfredo, Júlio Cesar Brochado, de 23 anos, chegou em casa de carro com o filho recém-nascido horas antes do incêndio. Ele tinha ido levar o menino ao médico. Por volta das 4h30 foi avisado por vizinhos que o veículo estava em chamas. “Graças a Deus não chegamos na hora em que atearam fogo no carro. Quando fui à delegacia, os policiais estavam todos trancados, parecia até desenho animado porque puseram uma tranca de madeira na porta. Acho que estavam com mais medo do que eu”, contou.

O delegado Celso Ribeiro não acredita em ação coordenada de traficantes da área que estariam querendo criar tumulto a pouco mais de duas semanas dos Jogos Olímpicos. O comando do 6º BPM (Tijuca) informou que recebeu apoio de outros batalhões, como o do Choque, para fazer operações na região.

Para o especialista em segurança pública e fundador do Bope, Paulo Amêndola, a ação foi orquestrada pelo tráfico de favelas vizinhas. “Tem que identificar esses mandantes, pois desde a prisão de Isaías do Borel, em novembro, que há uma revolta contra policiais da UPP”.  Em pelo menos sete estacionamentos da região, consultados pelo DIA, a procura ontem ficou abaixo da média.

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