Por gabriela.mattos

Rio - Calotes da Caixa Beneficente da Polícia Militar vêm à tona após a prisão do presidente da entidade sem fins lucrativa, o coronel reformado Pedro Chavarry, 63 anos, sábado, acusado de estuprar uma criança de 2 anos e oferecer suborno a PMs para ocultar o crime. Um casal, que pediu para não ser identificado, espera há sete anos pelo pagamento do benefício por inatividade.

“No início, ele recebeu 20% e, há três anos, mais nada”, contou a mulher. Sem receber o benefício, o casal, que mora no Condomínio Alferes Tiradentes, em Madureira, um dos patrimônios da Caixa, não consegue mais pagar o aluguel. Outra pessoa que não quis se identificar, disse que aguarda há sete anos pelo benefício que tem direito pela morte de seu marido, então, oficial da PM. “Ele contribuiu por mais de 20 anos para o estado e agora me mandam aguardar para receber o que tenho direito. Dizem que estão dando prioridade aos mais antigos na fila de espera. Isso é um absurdo”, desabafou a viúva que espera por R$ 6 mil, que segundo atendentes da Caixa Beneficente lhe informaram, não será pago com correção. No site da Caixa, Chavarry não consta mais como presidente e sim Robson Paulo, como presidente em exercício.

Thuanne alertou coronel para ele não esquecer remédio da criançaMaíra Coelho / Agência O Dia

O Ministério Público recebeu uma denúncia anônima sobre desvio de verba pública. Segundo o que foi encaminhado, Chavarry teria se apropriado de recursos públicos para o pagamento de diversos tipos de benefícios devidos. Também há a informação sobre a abertura de empresas em nome de laranjas. O procedimento será distribuído para uma promotoria de Justiça para avaliação se cabe a abertura de inquérito para investigar o caso.

Ontem, a reportagem enviou à Caixa Beneficente, entidade sem fins lucrativos, pedido de informações sobre as denúncias e a inadimplência denunciada por beneficiários, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Faxineira é incriminada

As investigações da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) reforçam o envolvimento da faxineira Thuanne Pimenta dos Santos, que entregou a menina de 2 anos ao coronel Pedro Chavarry, sábado. No celular da mulher, apreendido pela polícia, há mensagem de voz pelo WhatsApp. No áudio, enviado às 19h20m, ele retorna afirmando que já está indo para o local de encontro.

No mesmo dia, pouco depois, Thuanne envia outra mensagem, lembrando ao militar para dar o remédio à criança, que para a polícia, trata-se de sonífero encontrado no carro do oficial no momento da prisão.

A Polícia Civil procura o telefone celular do coronel. Há informação de que ele teria falado com Thuanne depois de ter sido preso.

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