Julgamento da 'Viúva da Mega-Sena' entra no segundo dia
Adriana Senna é acusada de matar o marido para ficar com prêmio. Gerente de banco afirma que ele pensou em separar conta conjunta
Por clarissa.sardenberg
Rio - O julgamento de Adriana Ferreira de Almeida, conhecida como a "Viúva da Mega-Sena", entrou em seu segundo dia nesta quarta-feira, pelo Conselho de Sentença de Rio Bonito, Região Metropolitana do Rio. Ela é acusada de mandar matar o marido, René Senna, em janeiro de 2007, para ficar com a fortuna que ele havia ganho no sorteio. Nesta terça, a primeira sessão terminou por volta das 19h50.
Adriana Senna é julgada em Rio Bonito Estefan Radovicz / Agência O Dia
A primeira testemunha ouvida foi um gerente do banco de René. Outro a testemunhar é um ex-funcionário da segurança do morto.
Nesta terça, o gerente contou que o então milionário foi ao banco com o objetivo de separar sua conta conjunta com Adriana. No entanto, ele teria mudado de ideia.
Após a morte do marido, Adriana questionou o gerente sobre como ter acesso à fortuna de R$ 1,8 milhão na conta conjunta. Ao que foi informada de que só bastaria o atestado de óbito, já que a conta era solidária. Assim, a viúva abriu uma nova conta e transferiu o valor.
na manhã desta terça-feira, a filha da vítima, Renata Senna, contou que conversava com o pai sobre Adriana, que "tentou afastá-lo da família". Durante boa parte do julgamento, a acusada ficou de cabeça baixa.
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Além da liberdade de Adriana, está em jogo uma fortuna de R$ 120 milhões, que está retida e é reivindicada por Renata. O dinheiro está rendendo juros e correção monetária, em uma conta de investimentos da Caixa Econômica Federal.
Maior prêmio pago
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Senna acertou sozinho as seis dezenas da Mega Sena, em julho de 2005, e faturou R$52 milhões, até então o maior prêmio pago pela loteria. Além do resultado das aplicações, aos milhões em dinheiro que Senna mantinha no banco, somaram-se os valores arrecadados com a venda de parte de seu patrimônio, como cabeças de gado e fazendas, que estavam se deteriorando, ironicamente por falta de dinheiro para a manutenção dos bens.
A feroz disputa pela herança de Senna ocasionou a geração de outros processos, mas na área cível. A família do milionário assassinado, especialmente sua única filha, Renata, moveu ações tanto para anular o testamento que deixava metade de todo o patrimônio para Adriana, feito pelo pai três meses antes do crime; quanto para que Adriana seja declarada indigna, e, consequentemente, perca o direito à herança, bem como a todas as doações feitas pela vítima, ainda em vida. Por outro lado, Adriana questionou na Justiça a paternidade de Renata, que foi obrigada a se submeter a exame de DNA. O resultado foi favorável à Renata.