Por gabriela.mattos
Zely disse que foram mais de 8 anos de angústia%2C à espera de JustiçaEstefan Radovicz / Agência O Dia
Rio - A desembargadora Sumiei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do Rio, expediu, na terça-feira, mandado de prisão para que a bancária Anny de Moraes Viana, de 36 anos, cumpra, em regime fechado, 14 anos de detenção, pelo assassinato do próprio marido, o gerente de banco Marcelo Vidal, 28, no Andaraí, em 15 de abril de 2008. O crime, que chocou os cariocas, tinha sido julgado em abril do ano passado, quando o juiz do 2º Tribunal do Juri, Jorge Luiz Le Cocq de Oliveira, condenou a acusada a 16 anos de cadeia. Os advogados de Anny, que sempre negou as acusações, recorreram da sentença, mas conseguiram atenuar somente dois anos da pena.
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Até o final da tarde desta sexta-feira, conforme a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Anny não havia sido presa, apesar da Justiça ter decretado sua prisão. Ela já é considerada foragida. A condenação se deu com base em investigações da Polícia Civil, que concluiu, através de provas, entre elas registros telefônicos com autorizações judiciais, que Marcelo foi morto com tiro na nuca, numa emboscada, por três homens contratados por Anny, por R$ 3 mil. Na ocasião, os executares fizeram parecer que a vítima tinha sido alvejada numa suposta tentativa de assalto, no Condomínio Tijolinho, onde tinha ido jogar futebol, sua paixão.
Ontem, a mãe de Marcelo, Zely Maria Vidal Leite Ribeiro, de 71 anos, que incansavelmente lutou pela condenação da nora, recebeu a notícia em orações, amparada por familiares e amigos. “Já são mais de oito anos de angústia e sofrimento à espera de justiça”, comentou Zely, emocionada.
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As investigações apontaram que Anny foi a mentora do atentado. O suposto atirador, conhecido como Galinha, foi morto por traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Outro suposto envolvido no episódio, Alessandro Tabachi de França, o Lequinho, irmão de Sandro Tabachi, também foi assassinado por bandidos. Sandro, por sua vez, outro que teria tido envolvimento com o episódio, segundo a polícia, escapou de condenação em júri popular em 2014, por homicídio qualificado, por motivo torpe e emboscada, crimes que condenaram Anny.
Na sentença condenatória, Le Cocq escreveu: “Teve ela (Anny) tempo suficiente para ponderar, refletir e, assim mesmo, achou melhor contratar assassinos de aluguel, ou seja, optou por destruir, da forma mais covarde possível, a vida de um jovem, de sua idade, mesmo emprego e também um futuro pela frente. O juri entendeu que Anny “forneceu todos os passos da vítima aos algozes e ficou aflita para saber se tudo ´dera certo´ na noite do crime”.
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Le Cocq criticou ainda o fato de Anny ter chorado por diversas vezes durante o julgamento e de ter tentado se eximir de culpa, alegando que ela teria sido vítima de supostas violência e traição por parte de Marcelo. “Repugnante a teatralidade que desenvolveu nos momentos e nos dias seguintes ao crime e até hoje desenvolve”, afirmou.
'Momentos de conforto'
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Através de cartas psicografadas e psicofonadas (faladas) por médiuns, que ela diz receber de Marcelo Vidal, reunidas em livreto, Zely passou a consolar outras mães que também enfrentam dramas semelhantes. As cartas, chamadas por ela de “raros momentos de confortos”, são recebidas, em sua maioria, num centro espírita construído pela família do menino João Hélio, arrastado e morto durante roubo de carro em 2007, em Osvaldo Cruz.
Mais de dois mil exemplares do livreto já foram distribuídos em cemitérios a outras famílias enlutadas por mortes cruéis, que, segundo ela, servem de consolo para parentes das vítimas. Desde 2010, Zely já recebeu mais de outras duas dezenas de mensagens, que, em breve, vão compor uma segunda e mais ampla edição. As cartas falam de paz, perdão, incentivo à vida, positivismo, confiança na Justiça e de repúdio a ódio. “São bálsamos em meio ao desespero”, diz Zely.
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