Por tabata.uchoa
Rayane desapareceu em encontro com mulher que prometeu doaçõesReprodução Facebook

Rio - ‘Maria Eduarda e ela vão ser as melhores amigas’. A frase foi dita por Rayanne Christini Costa, de 22 anos, ao descobrir, em novembro, que esperava uma irmã para a primogênita. É a sua segunda filha. A declaração está na memória de Marcela Silva, 35, que lembra com alegria do momento de emoção com a prima. 

A recordação, no entanto, foi contada com a voz embargada, na sexta-feira, dia em que o desaparecimento de Rayanne, grávida de sete meses, completou 10 dias. “A Maria Eduarda tem 3 anos e chora dia e noite. Era grudada com a mãe. Pergunta ‘por que mamãe fez isso comigo?’, achando que foi abandonada. Nós só choramos. Está sendo muito difícil”.

A última pista de Rayanne é a entrada dela em um trem, na Central do Brasil, ao lado de uma mulher que foi identificada como Thainá da Silva Pinto, de 22 anos. A Delegacia de Paradeiros encontrou Thainá na terça-feira. E, desde então, ela está presa pelo sequestro e cárcere privado de Rayanne. Ela nada diz sobre o caso aos investigadores. O encontro na Central era para buscar roupinhas que seriam doadas para o enxoval da filha, que já tem nome escolhido: Maria Luiza.
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“Ela estava em um grupo no Facebook, de pessoas que doam roupas e fraldas para quem precisa. Aí, eles decidiram criar um grupo no WhatsApp para facilitar a entrega das doações”, contou Caio César, 20 anos, amigo da vítima.

JÁ TINHA ENXOVAL
Segundo a prima, Rayanne não precisava completar o enxoval. Guardou roupas do nascimento de Maria Eduarda e ganhou várias fraldas. “Sabe quando a grávida fica carente e acha que todos são bons? Ela foi convencida por essa mulher a ir até a Central. Não precisava ir”, afirma.
Uma amiga conta que Thainá convenceu Rayanne a ir até Magé, na Baixada Fluminense, e buscar as roupas. Para isso, iria buscá-la na estação de trem.
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Marcela conta que Rayanne tem como sonho retomar os estudos, parados ainda no Ensino Médio ao engravidar de sua primeira filha, aos 19 anos. Na época, virou mãe solteira e passava os dias revezando os cuidados da filha com os da avó, que sofre de Alzheimer.
A segunda gravidez também não foi programada. Mas a jovem estava feliz com a gravidez. “Ela tem o nosso apoio toral. Inclusive, a gente planejou fazer um chá de bebê de surpresa para ela”, disse a prima, que vai diariamente à delegacia saber informações.
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“Tenho muita esperança que ela esteja viva. Queria que ela estivesse conosco neste Natal. Ela é muito boa. Não é possível que pessoas boas possam ir embora desse jeito”, afirmou.
‘Família vive um inferno’
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A vida dos familiares de Thainá da Silva Pinto virou pelo avesso após a polícia confirmar a autoria da acusada no sumiço de Rayanne. Na tarde de ontem, um irmão da suspeita contou que ‘não acredita na participação da irmã no crime’. No entanto, ele contou que, caso seja culpada, ‘deve pagar pelo crime’.
De família humilde, Thainá cresceu e morou a vida inteira em Magé. Sem passagem pela polícia, a acusada é a filha do meio de três irmãos. O pai e a mãe são diáconos de uma igreja evangélica e não acreditam no pesadelo que estão vivendo.
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“Meus pais são pessoas honestas, trabalhadoras. Nossa família nunca foi a uma delegacia. Esta é a primeira vez”, diz. A Polícia Civil esteve na casa da família três vezes, segundo ele. “Estamos vivendo um inferno. Pasme, até o meu irmão de 15 anos foi levado para depor”, lamenta.
Investigações incluem golpe ou ritual
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A delegada Elen Souto, titular da Delegacia de Descobertas de Paradeiro (DDPA), trabalha com todas as hipóteses, mas com duas linhas principais na investigação do desaparecimento de Rayanne.
A primeira busca saber se seria um golpe para ficar com o bebê, já que a data do nascimento da criança está prevista para janeiro. Já a outra linha de investigação da polícia seria usar a grávida ou a criança na prática de algum ritual macabro.
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A quebra do sigilo telefônico da suspeita Thainá e de redes sociais já foi solicitada pela delegacia. De acordo com os investigadores, outras pessoas deverão ser detidas por envolvimento no desaparecimento. Em nota, a Polícia Civil explicou que “não há previsão de término das diligências”.
* Reportagem do estagiário Rafael Nascimento com supervisão da repórter Bruna Fantti
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