Pai de Sofia, o policial militar Felipe Amaral, 34, conheceu Hérica há 12 anos. Ironia do destino, ou não, Felipe recorda que no início do namoro ela não queria ter filhos. “Ela dizia que gerar um bebê no meio de tanta violência seria difícil”, relembra. Mas quando ficaram noivos e Felipe revelou o desejo de ser pai, Hérica quis realizá-lo e, segundo as contas do casal, Sofia foi gerada em plena lua de mel. “Depois que ela nasceu, a Hérica se transformou numa mãezona”, contou Felipe.
Rodeada de fotos da filha e com os olhos distantes, Hérica ainda não acredita que a perdeu. Mesmo ao saber da prisão de um dos envolvidos no caso que gerou o disparo que matou a criança, ela não se conforma. “Não vai trazer minha filha de volta, nada vai trazer. Ele preso, ele solto, nunca mais eu vou abraçar, beijar, ouvir a voz dela.”
Cercado de amigos e familiares, o casal pensa em como vai ser a vida sem a pequena.“Agora vamos tentar mudar a rotina porque tudo era voltado pra ela. Ela era a prioridade da nossa vida”, lembra Hérica. Na casa dos pais, ela tem um “Lar de Orações”, como anuncia o cartaz estendido no quintal. A pomba branca na entrada da sala também sinaliza a religiosidade da família. Toda segunda-feira amigos se reúnem para rezar e ontem não foi diferente. Na verdade, um culto especial aconteceu às 19h, com mais de 50 pessoas presentes para uma homenagem à pequena Sofia.
Pela manhã, a ONG Rio de Paz organizou, na Praia de Copacabana, um ato em solidariedade às famílias das 31 crianças vítimas de bala perdida no Rio desde 2007. De 2015 para cá, Sofia foi a 18ª vítima. No ano passado, foram dez crianças mortas por bala perdida, quase uma por mês.
O juiz Livingstone dos Santos Silva Filho decretou ontem a prisão preventiva de Thiago Rodrigues dos Santos pelos crimes de homicídio e roubo. Thiago foi preso em flagrante após perseguição policial a um suposto veículo roubado e troca de tiros, que culminou na morte de Sofia.