Por adriano.araujo, adriano.araujo
Criança foi vítima de bala perdida dentro de lanchoneteReprodução Internet
Rio - A Organização Não-Governamental Rio de Paz vai fazer uma manifestação nesta segunda-feira, às 14h, na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio. Os retratos das crianças mortas por balas perdidas desde 2007 serão colocados na areia. A informação é do presidente da ONG, Antônio Costa, que compareceu ao enterro da pequena Sofia Lara, de 2 anos, morta enquanto brincava em um parquinho dentro de uma lanchonete em Irajá.
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“Expressei meu amor aos pais. A segurança pública do Rio tem que mudar. As mortes por balas perdidas sempre ocorrem em confrontos em favelas, ou vias movimentadas, como o caso da Sofia. As histórias são sempre as mesmas”, disse. 
Segundo levantamento da ONG, Sofia foi a 31ª criança morta por bala perdida em dez anos, na cidade do Rio de Janeiro.
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Dor e comoção no enterro de Sofia
"Quando eu te vi, meu mundo amanheceu. Mas você partiu sem mim. Eu sei que estás agora em algum jardim. Entre as flores. Anjo, tão amado anjo". Os versos são do refrão da música ‘Uma vez mais’, de Ivo Pessoa. Sob o coro dele, cantado por cerca de 100 pessoas, o corpo da pequena Sofia Lara Braga, de 2 anos e sete meses, foi enterrado na tarde deste domingo, no Cemitério de Irajá. O enterro ocorreu a apenas 500 metros de distância de onde Sofia foi atingida por uma bala perdida, na noite de sábado, enquanto brincava com outras dez crianças no parquinho da lanchonete Habib’s, da Avenida Monsenhor Félix. O tiro —que a atingiu na boca e transfixou a nuca — foi disparado durante uma perseguição policial a um homem que havia roubado uma picape. A autoria do disparo ainda está sendo investigada.

"Uma equipe foi avisada que uma picape Mitsubishi L-200 tinha sido roubada na altura da favela Para Pedro, em Colégio. Houve troca de tiros entre os policiais e o criminoso no início da perseguição. No local onde a criança foi atingida não houve troca de tiros”, afirmou o coronel Marcos Lima, comandante do 41º BPM (Irajá), que atendeu a ocorrência. Os fuzis usados pelos agentes foram apreendidos para perícia, assim como a pistola do criminoso.

Comoção e dor marcou enterro da pequena Sofia, morta quando brincava em parquinho de lanchonete em IrajáSandro Vox / Agência O Dia

Santos foi preso duas quadras após passar com a picape pelo Habib’s, ao capotar com o veículo. “Escutei um barulho muito alto, como de um prédio desabando. Os policiais gritaram para ele ‘perdeu, perdeu’. Depois disso, ainda escutei um tiro. Eram umas 21h30 da noite”, afirmou uma moradora que presenciou o capotamento, e pediu para não ser identificada.

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Com os pais e avós
Sofia estava com os avós paternos e os pais na lanchonete. “Antes de entrar no brinquedo ela me disse: ‘Mamãe, estou feliz, muito feliz. Obrigada’. Eu que digo: Obrigada. Te amo, filha. Vai com Deus”, disse a mãe, Hérica, para a multidão que acompanhava o enterro.
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O pai da criança, Felipe Amaral, que é policial militar, foi quem socorreu a menina. “Reconheci o barulho do tiro e corri até ela, que estava paradinha. Ela ainda ofegava, tossia. Chegou com vida no hospital”, contou. Após 30 minutos de socorro no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, a morte da menina foi confirmada. A notícia foi contada pelo próprio pai a colegas por um áudio de Whatsapp. “Amigos do 16º, foi minha filha, foi minha filha. (...) o tiro que o vagabundo deu atingiu minha filha. Ela não resistiu”.

Um vídeo que circula pelo mesmo aplicativo mostra o pai correndo com a menina no colo durante a tentativa de socorro. 

No enterro, duas crianças,vizinhas de Sofia, compareceram, acompanhadas da mãe. Maria Estela, de dez anos, disse que colocou um anjinho no Facebook como uma homenagem.

“Ela sempre chamava meu cachorro pelo portão. ‘Cadê Boinha?’, não falava o nome dele ainda. Perguntou ontem. A gente chamava ela de ‘Princesa Sofia’, como a princesa do desenho”, contou.

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"Espero que Deus me ensine a viver sem ela" HERICA, mãe da menina Sofia
"Deus me deu, Deus tomou. Hoje eu perdi o meu anjo. Um anjo que com 2 anos e 7 meses, me ensinou as melhores coisas da vida. Me ensinou a amar, me ensinou a viver, me ensinou o que é ter uma amiga de verdade... amigas pra sempre, como ela mesma dizia. Ela foi o melhor de mim, era o meu grude, era a minha vida!.
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Estou pedindo forças a Deus, e querendo acreditar que isso tudo está sendo um sonho. Espero que Deus me ensine a viver sem ela. E que, eu tenho certeza, ela está muito feliz. Ela era uma criança muito feliz, ela comemorava a vida dela todos os dias. Todos os dias cantávamos parabéns pra ela. Agora ela virou minha estrelinha, e que ela continue brilhando pra sempre, agora no meu coração. Eu te amo, minha filha, minha amiguinha!"
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